Opinião

No lugar de paliativos, soluções efetivas

Estudos realizados pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), encomendados pela Prefeitura de São Paulo no ano passado, revelam dados assustadores. Na capital, 103 mil pessoas precisam deixar suas casas imediatamente, sob o risco de perederem a vida da noite para o dia em caso de uma tempestade mais forte. Elas vivem em áreas de risco iminente, seja de deslizamentos de encostas, seja em virtude da cheia de rios ou córregos. Imediatamente, o Executivo Municipal da Capital entrou em estado de alerta. Reconhece ser impossível tirar todas essa população de seus lares, mas garante que vai iniciar um trabalho com o objetivo de reverter o quadro.


 


Na Serra do Mar, mais precisamente em Cubatão, o Governo do Estado realizou um amplo mapeamento junto às comunidades que vivem em bairros que foram nascendo às margens da rodovia Anchieta, que liga São Paulo a Santos. A maioria das casas ali está pendurada em barrancos e convive com o permanente risco de alguma tragédia. Muitas delas já despencaram ao longo dos anos produzindo, inclusive, uma série de mortes. Há mais de uma década, entretanto, ações de reflorestamento, junto a um plano que incluiu a despoluição do município de Cubatão, que já ostentou o título mundial em poluentes sólidos, também colabroaram para refazer parte da mata perdida.


 


No trabalho do Estado, por meio da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), centenas de famílias que ali viviam já foram transferidas para conjuntos construídos nas cidades do Litoral Sul, como São Vicente, Praia Grande e Mongagúa. Outros milhares, que ainda aguardam pelas obras de novas casas ou apartamentos, têm a opção de receber um aluguel social desde que deixem as áreas de risco.


 


Apesar de se tratarem de medidas paliativas, tanto na Capital como na Serra do Mar, percebe-se – mesmo que timidamente – a mão do poder público no sentido de ao menos tentar resolver um problema crônico. Lógico que pode cair, a qualquer momento, uma grande tempestade que venha a vitimar centenas de inocentes. Mas há ações concretas em curso.


 


Em Guarullhos, por sua vez, apesar de alguns esforços por parte da Defesa Civil Municipal, que tenta “enxugar gelo”, não existe um plano de governo voltado a resolver o problema das ocupações ilegais. Instigada pelo Guarulhos Hoje, a Prefeitura revelou que o útlimo estudo sobre número de pessoas que vivem em área de risco data de 2004 e encontra-se bastante defasado. De lá para cá, o número de pessoas que habitam locais impróprios só cresceu. Em uma projeção, estima-se que 15 mil vivam em risco iminente na cidade. 


 


Como já dito neste espaço, as notícias publicadas agora são praticamente as mesmas do ano passado. A única novidade, pasmem, é a elaboração de um novo plano emergencial, que vai do nada ao lugar algum. Basta alguns dias de estiagem, as ideias mirabolantes são engavetadas. As ocupações voltam a ocorrer sistematicamente, gerando mais e mais riscos à população. Passa da hora de deixar os paliativos de lado e se apresentar soluções efetivas. 

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