Em sua primeira visita oficial ao México desde que chegou ao poder em 2011, a presidente Dilma Rousseff usou o discurso de encerramento do encontro empresarial Brasil-México, na Cidade do México, para celebrar a aprovação pelo Senado nesta noite da Medida Provisória 665. “O Brasil hoje está fazendo um grande esforço no sentido de ajustar a sua economia”, afirmou, citando o prazo “maior do que o esperado” da crise internacional como a principal razão do país ter adotado medidas anticíclicas, que agora precisam ser revertidas. “Agora temos que fazer o nosso dever que é reconstituir nosso equilíbrio fiscal”, explicou. Neste momento de sua fala, Dilma citou rapidamente a aprovação de uma “importante medida” para o ajuste fiscal nesta noite e finalizou: “O México me deu sorte”.
Há pouco, em Brasília, 39 senadores votaram a favor e 32 contra a proposta. A MP, que restringe as regras de acesso ao seguro-desemprego e ao abono salarial, seguirá para a sanção da presidente Dilma. A medida é umas das consideradas fundamentais para que o ajuste fiscal proposto pelo governo tenha êxito.
Ao lado do presidente do México, Enrique Peña Nieto, a presidente brasileira repetiu que o comércio entre os dois países tem muito a crescer e que “os empresários mexicanos no Brasil são muito bem-vindos”. Dilma chamou de “marco” o acordo automotivo concluído em março pelas duas nações. “O acordo confere equilíbrio e, sobretudo, algo muito importante para a economia que é previsibilidade e transparência”, disse.
Para Dilma, dois outros “marcos” fundamentais de sua visita: a assinatura do acordo de cooperação e facilitação de investimentos para reduzir riscos, elevar a previsibilidade e prevenir conflitos nos negócios entre o Brasil e o México e o convênio de cooperação entre a Apex-Brasil e a agência ProMexico, sua contraparte mexicana.
Dilma citou ainda que o BNDES e o banco de fomento mexicano serão “protagonistas” no apoio ao processo de internacionalização por meio de investimentos. “Bancos privados brasileiros e um banco de alta envergadura, o Bradesco, também se manifestou disposto a participar do processo, junto com Banco do Brasil”, reforçou Dilma.
Logo no início do discurso, Dilma fez uma sugestão ao presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, para que mudasse o nome da instituição. “Vou começar fora do protocolo propondo a Robson Braga Andrade que a CNI passe a ser CNII, ou seja de indústria e inovação”, disse a presidente. “Sei que a CNI tem todo um trabalho desenvolvimento e inovação, mas nada como ter isso no nome”, explicou.
Em seu discurso, que antecedeu a fala de Dilma, Peña Nieto disse esperar que os acordos firmados entre os dois países hoje permitam a geração de empregos e fortaleçam a relação entre “as duas nações-irmãs”. “São dois países abertos ao mundo que oferecem uma grande oportunidade às empresas geradoras de emprego”, afirmou.
Cerca de 420 empresários brasileiros e mexicanos participaram do encontro comandado pelos dois líderes. Amanhã, a presidente Dilma deve visitar o Senado mexicano pela manhã. No fim do dia, a previsão é que Dilma retorne ao Brasil.