O dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 22, em alta de 0,09%, cotado a 4,7723, em dia marcado por fortalecimento da moeda americana em relação a divisas fortes e emergentes. Uma rodada de elevação de juros na Europa, liderada pelo Banco da Inglaterra (BoE), aumentou os temores de desaceleração mais forte da economia global e deprimiu preços de commodities metálicas e do petróleo. O contrato do tipo Brent para setembro caiu 3,61%, para US$ 74,35 o barril.
Apesar do tombo do Ibovespa em meio a movimento de realização de lucros, insuflado em grande parte pela decepção com o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) ontem à noite, o real apresentou perdas modestas, praticamente em linha com seus pares. O dólar até ensaiou uma queda por aqui na primeira hora de negócios, quando registrou mínima a R$ 4,7514 (-0,34%). A máxima, também pela manhã, foi a R$ 4,7877. A moeda ainda acumula baixa de 0,98% na semana e perde 5,93% no mês.
"O mercado de câmbio está realizando um pouco com a sinalização do Copom provocando ruído e queda da bolsa. Vimos muita compra de importadores hoje aproveitando a baixa do dólar nos últimos dias", afirma o analista de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão, para quem o apetite pela bolsa doméstica deve voltar, contribuindo para sustentar o real.
Segundo analistas, a moeda brasileira ainda é amparada pela perspectiva de manutenção de taxas reais elevadas ao longo do ano, mesmo com o esperado ciclo de corte de juros no segundo semestre, e pela forte entrada de recursos pelo lado comercial, em razão da supersafra agrícola deste ano. Além disso, houve uma redução da percepção de risco com a proposta de novo arcabouço fiscal, que retornará à Câmara dos Deputados após ser aprovada com alterações ontem no Senado.
"O comunicado do Copom não teve efeito no comportamento do real, que está bem em linha com as outras moedas emergentes. O mercado continua precificando queda da Selic na próxima reunião", afirma head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, para quem o cenário ainda é positivo para a moeda brasileira no curto prazo. "As realizações que aconteceram no mercado de câmbio foram de pequenas altas que nunca superaram a máxima do dia anterior".
Como esperado, o Copom manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano. O tom do comunicado foi considerado duro e frustrou as expectativas de quem esperava um sinal de redução de juros em agosto. As atenções se voltam agora para a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) no próximo dia 29. Ala relevante do mercado acredita que a manutenção da meta de inflação em 3% pode levar a uma reancoragem das expectativas de inflação de longo prazo e abrir a porta para que o Copom anuncie uma redução da Selic ainda em agosto.
No exterior, o índice DXY – que mede o comportamento do dólar frente a seis divisas fortes – operou em alta ao longo do dia e voltou a superar a linha dos 102,000 pontos, com máxima na casa dos 102,400 pontos. Em audiência no Senado americano, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, voltou a dizer que os dirigentes do BC americano trabalham com possibilidade de mais aumentos de juros neste ano.