Estadão

Não quero que São Paulo vire playground de candidatura nacional, diz Garcia

O atual governador paulista e pré-candidato à reeleição, Rodrigo Garcia (PSDB), afirmou nesta quinta, 30, em entrevista à <i>Rádio Eldorado</i> que São Paulo "não pode virar playground de candidatura nacional" ao comentar uma eventual repetição na eleição estadual da polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual, Jair Bolsonaro (PL), na disputa presidencial.

O tucano disse ter confiança que a população paulista sabe separar as coisas, sabe o papel que um governador exerce e o papel que um presidente exerce em relação ao Brasil e escolhe de maneira livre. "Ela não vai escolher um candidato a governador porque um candidato a presidente está pedindo, mas vai fazer isso de acordo com as suas convicções e as propostas de cada um", disse.

"Não vai ser uma polarização nacional que vai pautar uma eleição de governador de São Paulo. Não quero que São Paulo vire playground de candidatura nacional. São Paulo não pode servir a um projeto político A ou B, tem que servir aos paulistas e a quem vive aqui."

Eleito em 2018 como vice na chapa do então candidato João Doria (PSDB), Garcia apoiou a eleição de Jair Bolsonaro contra Fernando Haddad (PT). Durante a entrevista, o atual governador preferiu não se manifestar como votaria numa segunda polarização nacional entre petistas e bolsonaristas e afirmou que consegue no pleito estadual ter apoio de políticos que se dividem entre os presidenciáveis.

"Tenho partidos que me apoiam que estão com Bolsonaro em nível nacional, como o Progressistas; que apoiam Luciano Bivar, como o União Brasil; e que estão com Lula nacionalmente, como o Solidariedade. E o meu partido, o PSDB, apoia Simone Tebet (MDB). Tenho um amplo palanque e todos os partidos que estão comigo têm essa liberdade de apoiar seus candidatos a presidente, mas discutindo São Paulo, que é o mais importante."

Na última pesquisa de intenção de voto divulgada pela Exame/Ideia no dia 8 de junho, Garcia aparece em quarto lugar, com 11%, atrás do líder Fernando Haddad (PT), com 27%; e de Tarcísio de Freitas (Republicanos), com 17%; e Márcio França (PSB), com 14%. O ex-governador, no entanto, ainda negocia apoio a Haddad em troca de ocupar na chapa com o PT o posto de candidato ao Senado.

Sobre a disputa direta com Tarcísio para evitar essa repetição da polarização nacional no pleito estadual, Garcia destacou que sua experiência na política paulista. Além de ter nascido no Estado – Tarcísio é carioca e diz ter se mudado para São Paulo ano passado -, o atual governador diz que tem "vivência em São Paulo" e uma história de serviços prestados ao Estado.

<b>Metrô e ICMS</b>

Garcia afirmou durante a entrevista que manterá as tarifas de metrô e trem congeladas até dezembro deste ano em R$ 4,40, assim como também se comprometeu a não ampliar os valores cobrados pelos ônibus intermunicipais. O tucano afirmou que os preços praticados atualmente serão bancados com subsídios do Tesouro Estadual necessários diante das altas constantes do óleo diesel e da energia.

Sobre o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Garcia afirmou que decidiu seguir o projeto aprovado pelo Congresso Nacional e baixar a alíquota que incide sobre a gasolina no Estado para ajudar a conter a inflação e, ao mesmo tempo, aliviar cerca de R$ 0,48 o valor cobrado pelo litro da gasolina, em média. O valor do imposto caiu na segunda, 27, de 25% para 18%.

A decisão, no entanto, causou mal-estar entre governadores que buscavam uma saída jurídica conjunta para a lei sancionada por Bolsonaro no dia 23 de junho, que fixou um teto para o ICMS. Como apurou o <b>Estadão</b>, a ação de Garcia foi vista como "eleitoreira", além de ter prejudicado outros Estados e assumido a interferência federativa num imposto que é estadual.

Sobre isso, Garcia afirmou que tem se esforçado para que São Paulo contribua na retomada econômica e a redução da inflação. "A partir do projeto votado pedi ao secretário da Fazenda, Felipe Salto, uma avaliação sobre a redução do ICMS da gasolina e ele me mostrou que poderíamos imediatamente cumprir, até sem a necessidade de uma lei estadual pra isso. Portanto, tomei a decisão imaginando que com isso a gente consegue reduzir quase R$ 0,50 por litro", explicou.

Garcia ainda assegurou que o superávit feito pelo governo em 2021, de quase R$ 5 bilhões, compensará a perda de arrecadação com a medida estimada em R$ 4,4 bilhões. "Ou seja: não vai comprometer investimentos do Estado em 2022." Segundo o tucano, a pandemia de covid-19 desorganizou a economia mundial e é preciso um esforço para alcançar a retomada. "Foi isso que norteou minha decisão. É natural que meus adversários digam que ela é eleitoral, mas, diferentemente deles, eu sou o governador e tenho de focar na gestão", finalizou.

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