A Festa Literária Internacional de Paraty começa nesta quarta-feira, 23, com uma conversa dedicada a Maria Firmina dos Reis, a autora homenageada desta 20ª edição, que volta a ser realizada presencialmente, no centro histórico da cidade fluminense, depois de dois anos online por causa da pandemia. Ainda há ingressos para a maioria das mesas, mas é possível assistir à Flip de casa. O evento será transmitido no canal da festa no YouTube e também pelo Arte 1 (veja abaixo como acompanhar).
A francesa Annie Ernaux, mais recente vencedora do Prêmio Nobel de Literatura, é um dos principais nomes desta Flip 2022. O anúncio de sua participação foi feito cerca de duas semanas antes da consagração do Nobel. Annie é autora de uma importante obra ligada ao gênero da autoficção aliada ao estudo sociológico e ao contexto histórico. Entre seus livros mais famosos estão Os Anos, O Acontecimento e A Vergonha. Na Flip, ela lança O Jovem (leia um trecho)- assim como os outros, pela editora Fósforo.
São 20 mesas de debate, com autores brasileiros e estrangeiros. Entre os convidados desta edição estão, ainda, Saidiya Hartman, Nastassja Martin, Benjamín Labatut, Camila Sosa Villada, Ricardo Aleixo, Ricardo Lisias, Amora Moira, Geovani Martins e Tamara Klink.
O líder indígena Davi Kopenawa cancelou sua participação depois de testar positivo para a covid-19. O anúncio foi feito na noite desta terça-feira, 22.
A curadoria da Flip é compartilhada entre Fernanda Bastos, Milena Britto e Pedro Meira Monteiro.
Fora da Praça da Matriz, onde está instalada a Tenda dos Autores, onde ocorrem os debates e cujo ingresso custa R$ 120, e a Tenda do Telão, de onde é possível assistir à transmissão da mesa, a Flip se espalha por Paraty – por iniciativa de editoras e outras instituições, como o Sesc, que organizam uma programação gratuita e de qualidade.
Pela primeira vez este ano, no Areal do Pontal, a chamada Praça Aberta vai ser um espaço de comercialização de publicações de editoras independentes. Ali no Areal, o visitante da Flip também poderá conhecer o processo de publicação de uma obra no Se Joga no Livro, um game desenvolvido pelo jornalista Leonardo Neto com as editoras Oficina Raquel e Caraminhoca e em parceria com o Educativo da Flip.
A Flipinha também volta a encontrar seus leitores este ano, com uma programação gratuita que vai reunir, na Praça da Matriz, nomes como Andrés Sandoval, Gabriela Romeu, Renato Moriconi, Angelo Abu e Tino Freitas, entre outros. Quem passar por ali também vai encontrar os tradicionais pés de livros.
<b>Como assistir à Flip online</b>
A Flip 2022 será transmitida ao vivo em seu canal <a href="https://www.youtube.com/@flipfestaliteraria" target=_blank><u>oficial do YouTube</u></a>.
Também é possível acompanhar, online, pelo serviço de streaming do canal Arte 1, que pode ser assinado por R$ 7,99, e pela televisão (SKY/81, NET e Claro /553, OI TV/31, GVT/84, VIVO/102 cabo e 555 satélite)
Apenas a última mesa de cada dia, a das 20h30, passará mais tarde, à meia-noite, no Arte 1. A abertura, nesta quarta, que ocorre um pouco mais cedo, às 20h, poderá ser vista ao vivo.
<b>Ingressos</b>
Caso esteja em Paraty ou pretenda ir, os ingressos da Flip podem ser comprados aqui. Até o início da tarde desta quara, 23, havia ingressos disponíveis para 12 das 20 mesas da programação principal.
<b>Programação da Flip</b>
<b>Quarta, 23</b>
20h
Mesa 1: Pátrios lares
Mesa dedicada à autora homenageada pela Flip 2022, Maria Firmina Reis, que enfrentou anos de invisibilidade e esquecimento, mas produziu primorosos relatos para a história da literatura brasileira. Com especialistas na obra da autora e do período em que ela produziu, o painel pretende provocar um debate produtivo sobre gêneros literários, abolicionismos e a história do Brasil.
Ana Flávia Magalhães Pinto (DF)
Fernanda Miranda (BA)
Midria (SP)
Slam das Minas (SP)
<b>Quinta-feira, dia 24</b>
10h
Mesa 2: Minha Liberdade
Esta mesa propõe uma discussão sobre uma autora sem rosto, cujos escritos permanecem ainda pouco pesquisados. Trata-se do encontro de intelectuais que pesquisam a literatura brasileira e o período em que Maria Firmina dos Reis atuou. Em diálogo, eles podem nos ajudar a entender de que forma a produção da autora contribui para o pensamento sobre o Brasil, sobretudo a partir da Independência.
Lilia Schwarcz (SP)
Eduardo de Assis Duarte (MG)
12h
Mesa 3: A literatura em que habito
A mesa põe em cena escritas profundamente ligadas ao deslocamento, entreculturas, línguas e formas artísticas. Diversos trânsitos migratórios fazem de suas obras um entre-lugar em que se experimentam sentimentos de pertencimento e desarraigo, em que o sentido precisa ser constantemente retraduzido.
Bessora (França, Gabão, Suíça)
Carol Bensimon (RS)
Prisca Agustoni (MG)
19h
Mesa 4: O corpo de imagens
Este encontro instiga reflexões sobre as conexões entre performance, poesia, fotografia, literatura e artes visuais, com a participação de artistas que compõem obras em suportes, linguagens e formatos variados.
Lenora de Barros (SP)
Ricardo Aleixo (MG)
Patricia Lino (Portugal)
20h45
Mesa 5: A festa das irmãs perigosas
Reúnem-se nesta mesa escritoras que inspiram novas formas de contar, seja por meio da desorganização dos gêneros literários canônicos, seja pela discussão profunda de gênero, seja – ainda – pela criação de novas linguagens na literatura, no cinema e no teatro.
Camila Sosa Villada (Argentina)
Luciany Aparecida (BA)
<b>Sexta-feira, 25</b>
10h
Mesa 6: Ainda longos combates
Alusiva ao centenário da Semana de Arte Moderna, a mesa coloca frente a frente intelectuais que discutem as implicações de uma noção de brasilidade na literatura. Pensando no cânone brasileiro, eles colocam em pauta a contribuição de autores marginalizados para a criação de uma identidade que seria colocada em xeque pela Semana de 22.
Allan da Rosa (SP)
Eduardo Sterzi (RS)
12h
Mesa 7: Risco e transformação
Um encontro entre diferentes gerações de escritoras que trabalham com linguagens artísticas, e, ao se cruzarem em seus trabalhos, trazem uma discussão sobre as pontes entre poesia e artes visuais, feminismos e outros ativismos.
Cecilia Pavón (Argentina)
Fabiane Langona (RS)
15h
Mesa 8: O que deixaram para adiante
Esta mesa põe em diálogo autores que se apropriam de elementos presentes em discursos e tradições variados para reinventar gêneros e ressignificar acontecimentos, colocando genealogias em choque e questionando o presente.
Ladee Hubbard (EUA)
Geovani Martins (RJ)
17h
Mesa 9: E se eu fosse
A mesa reúne autores que borram as fronteiras entre o eu ficcional e o eu autoral. Com trabalhos tão genuínos quanto controversos por sua ruptura com o decoro, eles levantam questões sobre a politização da arte e os limites entre literatura, vida, texto, autoria e voz narrativa.
Amara Moira (SP)
Ricardo Lísias (SP)
19h
Mesa 10: Do mal que tu me deste
Uma entrevista intimista com o fenômeno literário que embaralha as fronteiras entre os gêneros com narrativas que explicitam as relações entre ciência, sociedade e literatura. Sua imaginação se alia a uma escrita que põe em suspensão as definições e os limites da arte para indagar a ética da existência humana.
Benjamin Labatut
20h45
Mesa 11: Livre e infinito
Mesa dedicada à artista Claudia Andujar, com a participação de duas gerações de fotógrafas brasileiras comprometidas com a Amazônia e os direitos humanos.
Davi Kopenawa Yanomami (RR)*
(A organização ainda não confirmou se ele poderá participar remotamente)
Nair Benedicto (SP)
Nay Jinknss (PA)
<b>Sábado, 26</b>
10h
Mesa 12: Cidades e floresta
O músico paratiense Luís Perequê, a educadora, filósofa e artesã Cris Takuá e o líder e cineasta indígena Carlos Papá, ambos do povo Guarani Mbya, trazem os saberes ancestrais e práticas locais para o centro do debate sobre a construção de sistemas abertos de cidade.
Luís Perequê (RJ)
Carlos Papá (SP)
Cristine Takuá (SP)
12h
Mesa 13: Memória Flip 20 anos
Autores que participaram das primeiras edições da Flip discutem os rumos, produções e movimentos dos últimos vinte anos do cenário literário nacional e internacional.
Pauline Melville (Guiana)
Bernardo Carvalho (RJ)
15h
Mesa 14: Diamante Rubro
As autoras reunidas aqui desviam-se da simplificação e se abrem a ambivalências. Elas ressignificam a ideia de narrar os acontecimentos, inspirando um exercício do ofício literário que está em constante combate com a realidade. Com linguagens construídas à luz de suas experiências, elas lançam reflexões sobre o papel da arte e a força da escrita.
Annie Ernaux (França)
Veronica Stigger (RS)
17h
Mesa 15: Desterrando o susto
A mesa propõe o encontro entre duas autoras que escrevem sobre solidão, ruptura e travessias. Com desejo e bravura, em viagens pelo mar e pela terra, elas incentivam a criação de novos espaços para criação e imaginação do público.
Nastassja Martin (França)
Tamara Klink (RJ)
19h
Mesa 16: Entrar no bosque de luz
No calor do giro decolonial e na revisão profunda de posições secularmente arraigadas sobre gênero e raça, esta mesa propõe o encontro de grandes talentos narrativos e perspectivas sócio-históricas diversas, de modo a pensar como a escrita constitui um espaço para revelar o protagonismo invisibilizado de populações oprimidas na tessitura do cotidiano.
Luiz Mauricio Azevedo (RS)
Saidiya Hartman (EUA)
Rita Segato (Argentina)
21h
Mesa 17: Palavra livre
A mesa panlusófona responde à emergência de novas vozes, às margens dos espaços clássicos de consagração literária, a sua força lírica, a um só tempo poética e política. Ao mesmo tempo, em diálogo com outras linguagens, a mesa contempla a performance e a memória do corpo, que se reafirmam nas artes dramáticas e na própria escrita.
Alice Neto de Sousa (Portugal)
Lázaro Ramos (BA)
Midria (SP)
<b>Domingo, 27</b>
10h
Mesa 18: O brando leque do gentil palmar
Esta mesa reúne escritoras que incorporam causas e clamores coletivos nas mais variadas manifestações, expandindo os limites do que é lido como periférico, de Cuba ao Sertão brasileiro. Cada uma à sua maneira, as escritoras desnaturalizam olhares sobre o feminino e o feminismo com suas poéticas.
Teresa Cárdenas (Cuba)
Cida Pedrosa (PE)
12h
Mesa 19: Encruzilhadas do Brasil
Um diálogo que discute quais ideias sobre o Brasil, real ou imaginado, mobilizam sua criação, assim como de que forma outras manifestações artísticas influenciam a sua produção, expandindo ou misturando gêneros literários.
Cidinha da Silva (BH)
Cristhiano Aguiar (PB)
15h
Mesa 20: Livros de cabeceira
Como já é tradição na Flip, autores convidados reúnem-se para ler trechos de suas obras preferidas.
Cecilia Pavón (Argentina)
Cidinha da Silva (BH)
Ladee Hubbard (EUA)
Nastassja Martin (França)
Teresa Cárdenas (Cuba)