O Prêmio Nobel de Economia de 2022 foi atribuído ao ex-presidente do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos Estados Unidos) Ben S. Bernanke e dois economistas dos Estados Unidos, Douglas W. Diamond e Philip H. Dybvig, por estudos sobre bancos e crises financeiras. O anúncio foi feito pela Academia Real de Ciências da Suécia, em Estocolmo, nesta segunda-feira, 10.
Na conferência do anúncio, o comitê avaliou que o trabalho dos três economistas mostrou como é vital evitar colapsos de bancos. Os premiados "melhoraram significativamente nossa compreensão do papel dos bancos na economia, particularmente durante as crises financeiras, além de como regular os mercados financeiros", disse a academia.
Bernanke, em particular, analisou a Grande Depressão da década de 1930 e mostrou como os bancos foram um fator decisivo para tornar a crise tão profunda e prolongada, afirmou o comitê. "Quando os bancos entraram em colapso, informações valiosas sobre os tomadores de empréstimos foram perdidas e não puderam ser recriadas rapidamente. A capacidade da sociedade de canalizar poupanças para investimentos produtivos foi severamente diminuída", comentou a academia sobre a pesquisa de Bernanke.
Além disso, sua análise mostrou quais fatores foram importantes na queda do Produto Interno Bruto e descobriu quais fatores que estavam diretamente relacionados à falência dos bancos foram responsáveis pela maior parte da recessão.
Em relação aos economistas Diamond e Dybvig, o prêmio é concedido porque eles desenvolveram modelos teóricos que explicam por que os bancos existem, como seu papel na sociedade os torna vulneráveis a rumores sobre seu colapso iminente e como a sociedade pode reduzir essa vulnerabilidade.
Ambos apresentaram uma solução para a vulnerabilidade bancária, na forma de seguro de depósito do governo. "Quando os depositantes sabem que o estado garantiu seu dinheiro, eles não precisam mais correr para o banco assim que começam os rumores de uma falência bancária." Diamond também mostrou como os bancos desempenham um importante papel social, avaliou a academia sueca.
O prêmio em dinheiro é de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 4,6 milhões), que serão entregues em 10 de dezembro.
Ao contrário dos outros prêmios Nobel, o de economia não foi estabelecido no testamento de Alfred Nobel de 1895, mas pelo banco central sueco em sua memória. O primeiro vencedor foi escolhido em 1969.
No ano passado, metade do prêmio foi para David Card por sua pesquisa sobre como o salário mínimo, a imigração e a educação afetam o mercado de trabalho. A outra metade foi compartilhada por Joshua Angrist e Guido Imbens por proporem como estudar questões que não se encaixam facilmente nos métodos científicos tradicionais.
<b>Outros prêmios</b>
Os anúncios do Prêmio Nobel começaram em 3 de outubro com o cientista sueco Svante Paabo recebendo o prêmio em Medicina por desvendar os segredos do DNA neandertal que forneceram informações importantes sobre nosso sistema imunológico. Três cientistas ganharam conjuntamente o prêmio em Física na terça-feira, 4. O francês Alain Aspect, o americano John F. Clauser e o austríaco Anton Zeilinger mostraram que partículas minúsculas podem manter uma conexão umas com as outras mesmo quando separadas, um fenômeno conhecido como emaranhamento quântico, que pode ser usado para computação especializada e para criptografar informações.
O Prêmio Nobel de Química foi concedido na última quarta-feira, 5, aos americanos Carolyn R. Bertozzi e K. Barry Sharpless, e ao cientista dinamarquês Morten Meldal por desenvolverem uma maneira de "juntar moléculas" que pode ser usada para explorar células, mapear DNA e projetar drogas que pode visar doenças como o câncer com mais precisão.
A escritora francesa Annie Ernaux ganhou o Prêmio Nobel de literatura quinta-feira, 6. O painel a elogiou por misturar ficção e autobiografia em livros que exploram sem medo suas experiências como uma mulher da classe trabalhadora na França desde a década de 1940.
Já o Prêmio Nobel da Paz foi para o ativista de direitos humanos da Bielorrússia Ales Bialiatski, o grupo russo Memorial e a organização ucraniana Centro pelas Liberdades Civis, na sexta-feira, 7. (Com agências internacionais).