Variedades

Nos 70 anos de carreira de Robert Frank, uma mostra com fotos, filmes e livros

Depois da fotografia, o livro. E só depois a exposição. É assim que Robert Frank trabalha desde o começo, em 1947. Quem for à casa do fotógrafo hoje encontrará pelo menos dois protótipos sobre sua mesa, conta o editor Gerhard Steidl, que está curioso para encontrá-lo em agosto, em Nova Escócia, onde Frank passa o verão. “Vou lá para ver qual será seu próximo livro. Essa época é, para ele, sempre o tempo de criar um trabalho novo”, diz sobre o cliente e amigo que ainda fotografa – nada digital – todos os dias.

Nesses últimos 30 anos, desde que começaram a trabalhar juntos, Frank sempre foi à mítica Göttingen, onde Steidl tem, além da editora e gráfica, uma pequena hospedaria para receber fotógrafos e artistas. “Ele viveu aqui como monge. Acordava às 5h30 e trabalhava conosco até tarde da noite”, conta.

A última vez em que esteve lá foi há dois anos. Agora, é Steidl que viaja para encontrá-lo em Nova York ou Nova Escócia. E protótipos de livros, bonecos e provas voam dos Estados Unidos para a Alemanha com frequência. Já são 30 obras de Frank no catálogo da Steidl – e “The Americans”, o maior sucesso, vendeu 1,5 milhão de cópias no mundo, diz o editor.

Isso, sem contar que ele digitalizou os 25 filmes da fase cineasta do fotógrafo – entre eles, Pull My Daisy e Me & My Brother. Na mostra que o Instituto Moreira Salles fará com a série integral de “The Americans” e ainda com a retrospectiva “Os Livros e Os Filmes”, a maioria deles será exibida em 35 mm e 16 mm.

Americanos

Para Steidl, o que Robert Frank criou foi totalmente incomum para aqueles dias. “As pessoas tinham a expectativa de ver beleza e não o que estava atrás das cortinas. Além disso, o layout do livro, a sequência sem nenhum texto, sem uma explicação, foi, para a época, muito revolucionário já que o fotolivro, em 1959, era, normalmente, um longo texto com algumas fotografias ilustrativas.”

Ainda de acordo com o editor, Frank sempre se interessou pela relação entre as pessoas vivendo em certos países. “Ele sempre teve o instinto de descobrir onde se posicionar numa multidão e olhar, através de sua câmera, para a alma das pessoas, de um país, de uma nação.”

Brasileiros

Com menos destaque, serão expostas algumas poucas fotos que Frank fez numa rápida passagem por Manaus, por volta de 1948 – viagem descoberta agora pelos organizadores e nunca registrada em seus trabalhos impressos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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