Nova York enfrentou a partir de meados da década de 1980 uma epidemia de crack que durou dez anos. Os efeitos devastadores da droga elevaram a violência a índices alarmantes em várias regiões da cidade, que passaram a ser dominadas por traficantes e dependentes, muitos dos quais viviam nas ruas de bairros como Washington Heights, Alphabet City e Village. Quando assumiu a prefeitura da cidade, em 1994, Rudolf Giuliani respondeu com a política de tolerância zero à criminalidade e o drástico aumento da presença policial.
No âmbito federal, os Estados Unidos viviam a fase da guerra às drogas declarada pelo ex-presidente Ronald Reagan em 1986. O Congresso aprovou leis que endureceram a punição a traficantes e consumidores, especialmente de crack. Os que fossem pegos com 5 gramas da droga estavam sujeitos a uma pena de cinco anos de prisão, a mesma aplicada aos que tivessem 500 gramas de cocaína.
Essa política levou à explosão da população carcerária dos Estados Unidos, que passou de 600 mil pessoas em 1985 para mais de 1 milhão uma década mais tarde. Atualmente, o número está em 2,2 milhões. Apesar de a legislação ter sido revisada, a posse de 28 gramas de crack continua a ser punida com os mesmos cinco anos aplicados a 500 gramas de cocaína.
Cadeia
Entre 1989 e 1999, Nova York realizou 900 mil detenções ligadas a drogas, mais do que qualquer outra cidade do mundo, segundo o jornal The New York Times. No mesmo período, o número de policiais dedicados ao combate a narcóticos se multiplicou por seis.
Mas o consumo de crack também caiu em cidades americanas que não aumentaram o policiamento, como Washington. Isso levou alguns especialistas a concluírem que o principal fator para a redução não foi o endurecimento da legislação, mas uma mudança de atitude entre gerações, com a rejeição por parte dos jovens da droga que havia destruído suas comunidades.
De acordo com pesquisa mencionada pelo NYT, 35,7% dos adultos com mais de 36 anos detidos pela polícia da cidade em 1998 havia consumido crack recentemente. Entre as pessoas de 15 a 20 anos de idade, o porcentual era de 4%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.