Andrei Tarkovski já havia recebido o Leão de Ouro de Veneza, de 1962, por seu longa de estreia, A Infância de Ivan – a guerra pelo olhar do menino. Foi com Andrei Rublev, de 1966, que começaram os problemas. O filme sobre o pintor de ícones na Rússia medieval – com o extraordinário episódio do sino – chocou as autoridades soviéticas e foi proibido na URSS. Solaris, O Espelho, Stalker prosseguiram com o mal-estar das autoridades.
O mínimo de que acusavam Tarkovski era de desvios ideológicos. No começo dos anos 1980, ele se lança ao exílio. Realiza Nostalgia na Itália, O Sacrifício na Suécia. Não importa onde esteja, carrega a Rússia, sua herança cultural, sua grande literatura, com ele. Nostalgia é a atração do canal Arte 1 nesta segunda, 17, às 23h.
O poeta russo que viaja pela Toscana com sua intérprete. Oleg Yankovski e a bela Domiziana Giordano. A angústia que lhe corrói a alma e ele só entende ao encontrar o velho lunático, outra grande criação do ator de Ingmar Bergman, Erland Josephsson. Numa das mais belas paisagens do mundo, Tarkovski reencontra, interiormente, a sua Rússia eterna. Como grande artista, esculpe o tempo e decifra a própria nostalgia. O filme recebeu os prêmios de direção, da crítica e do júri ecumênico em Cannes, 1983. Tarkovski morreu no exílio, em 1986, aos 54 anos.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>