O Ibovespa tem instabilidade e tenta defender a marca dos 112 mil pontos vista na máxima intradia (112.543,88 pontos), voltando a subir nesta terça-feira. De certa forma, o índice da B3 opera na contramão das bolsas em Nova York, que caem acima de 1%, em meio à cautela antes do Fed.
"No curto prazo, a Bolsa brasileira tem se mostrado mais resiliente em relação ao exterior. O Brasil fez a lição de casa antes se referindo a juros e à queda da inflação", avalia Armstrong Hashimoto, sócio e operador da mesa de renda variável da Venice Investimentos. Hoje, a FGV informou que o IGP-M caiu 0,91% na segunda prévia de setembro, após ceder 0,57% no primeiro decêndio de agosto. Já os juros no Brasil sobem por 12 reuniões seguidas, enquanto outros países só começaram isso há pouco.
"Porém, tem bastante volatilidade, motivada pelo exterior", diz Hashimoto, completando que internamente ainda há reação positiva ao apoio do ex-ministro e ex-presidente do BC Henrique Meirelles à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no sentido de ser um nome "técnico que o investidor vê com bons olhos."
Lá fora, prevalece a cautela um dia antes da decisão de política monetária norte-americana. O recuo de quase 4% do minério de ferro, em Dalian, na China, pesa nas ações ligadas a commodities metálicas e, consequentemente, limitando o Ibovespa de subir mais. Já as ações da Petrobras avançam apesar do recuo do petróleo.
Às 11h19, o Ibovespa tinha alta de 0,36%, aos 112.221,94 pontos, após abrir aos 111.823,60 pontos e ter mínima a 111.393,16 pontos (-0,39%) e máxima intradia aos 112.543,88 pontos (alta de 0,64%). Ontem, o principal índice da B3 fechou com alta de 2,33%, aos 111.823,89 pontos.
Enquanto os investidores aguardam as definições sobre juros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) e do Comitê de Política Monetária (Copom), há novos sinais de pressão inflacionária mundial. Na Alemanha, os preços ao produtor dispararam, enquanto a Suécia inesperadamente elevou o juro básico em um ponto porcentual, para 1,75% ao ano.
"Surpresa com a inflação ao produtor na Alemanha e com o aumento mais forte de juro pelo Banco Central da Suécia ajudam a reforçar a cautela dos investidores", avalia em nota a MCM Consultores.
Contudo, a agenda com poucas divulgações pode ser chamarizes para instabilidade, típica de dias que antecedem decisões importantes como a do Fed.
Além disso, os investidores acompanham os desdobramentos da formalização, ontem, do apoio de Meirelles à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já empolgou a Bolsa na véspera. Ainda monitoram a participação do presidente Jair Bolsonaro na 77ª Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU). "Não se pode esquecer que o Meirelles é o pai do teto de gastos", diz um operador.
A expectativa majoritária é manutenção do juro básico em 13,75% ao ano no Brasil e alta de 0,75 ponto porcentual na taxa dos Estados Unidos. Sendo assim, o foco ficará nos sinais dos respectivos bancos centrais, sobretudo na entrevista do presidente do Fed, Jerome Powell (15 horas da quarta-feira).
Ao contrário do BC sueco, "sem surpresas, o banco central chinês manteve suas principais taxas de juros inalteradas, o que não movimentou os mercados do continente", cita o Bradesco em relatório.