Economia

Nova fronteira do agronegócio é pouco competitiva

Os Estados que compõem a região do Matopiba – Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, a nova fronteira agrícola brasileira – estão entre as unidades da federação com menor competitividade no ranking do agronegócio. A principal explicação é a deficiência estrutural desses Estados, conforme novo Índice de Competitividade criado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), divulgado nesta terça-feira, 2. A entidade calculou a competitividade dos 26 Estados e do Distrito Federal com base num cruzamento de 21 subitens de seis categorias norteadoras da pesquisa: infraestrutura, educação, saúde, ambiente macroeconômico, inovação e mercado de trabalho. Os dados foram compilados a partir de mapeamentos sociais e econômicos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2011.

O indicador varia de 0 a 1, sendo que quanto mais perto de um, mais competitivo é o Estado. O Maranhão ficou na 24ª colocação do ranking elaborado pela CNA, com pontuação de 0,229 no índice. O Piauí ocupa a 22ª posição, pontuando 0,249. Enquanto a Bahia ficou na 16ª colocação (0,291 ponto) e o Tocantins na 14ª (0,342 ponto). São Paulo é o 1º colocado, Santa Catarina (2º), Paraná (4º) Rio Grande do Sul (5º). O Distrito Federal ficou na terceira posição.

A diferença das médias gerais de cada Estado e, consequentemente, a posição de cada um deles no ranking levou em consideração o peso das unidades da federação nesses 21 itens. É o caso do quesito produtividade, que mostra que da porteira para fora as principais áreas em volume de produção agrícola perdem em capacidade de escoamento para antigos redutos da agricultura: o Sul e o Sudeste, cujo nível de infraestrutura e de educação são superiores.

Outro pelotão de Estados intermediários, incluindo alguns dos principais redutos do agronegócio do País, também ficou na frente do Matopiba na soma de pontos de cada um dos 21 subitens da pesquisa: Minas Gerais (6º), Goiás (8º), Mato Grosso (10º) e Mato Grosso do Sul (11º).

Na infraestrutura para o escoamento da produção agrícola, um dos componentes do indicador geral, o Matopiba só aparece no ranking a partir da 16ª posição – ocupada pela Bahia. Piauí, Maranhão e Tocantins ocupam, respectivamente, a 19ª, a 21ª e a 23º posição.

A infraestrutura considera como subitem a “movimentação portuária”. Como Piauí e Tocantins não têm porto para escoamento da produção, eles levaram zero – o que contribui para a média ruim. O mesmo valeu para “qualidade das rodovias”, no qual o Tocantins recebeu 0,290 ponto (22ª colocação neste critério) e o Maranhão obteve 0,306 ponto (21ª posição).

O Matopiba, porém, foi melhor na avaliação das rodovias do que o maior produtor de grãos do País, Mato Grosso (23ª posição na categoria). As rodovias foram apontadas pelo coordenador do estudo, Marcelo Ávila, como principal problema mato-grossense. “Mato Grosso tem maior competitividade por trabalhador, mas quando vai escoar a produção começa a esbarrar em gargalos que, por exemplo, São Paulo não tem”, comparou o técnico do Instituto CNA.

O mesmo ocorreu nas avaliações da CNA sobre educação, onde o Matopiba e Mato Grosso têm mais abandono educacional na zona rural, maior taxa de alfabetismo e mais distorção na relação idade-série do que os Estados do Sul e Sudeste. A relação também foi acompanhada nos quesitos saúde, inovação e ambiente macroeconômico, sempre com o Sul e o Sudeste liderando. O inverso ocorre, contudo, no critério de variação do PIB agropecuária. Nesse item da pesquisa, o Piauí tem o segundo melhor desempenho, à frente do Mato Grosso, de São Paulo e de Minas Gerais. O Maranhão figura em 10º lugar neste item, superando o Rio Grande do Sul.

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