Nova novela das 9 de João Emanuel Carneiro, Segundo Sol estreia nesta segunda, 14, na Globo, com Giovanna Antonelli e Emilio Dantas como o casal protagonista, no lugar de O Outro Lado do Paraíso. Mas, antes mesmo de ir ao ar, Segundo Sol se tornou alvo de críticas. Isso porque a história se passa na Bahia, Estado com o maior porcentual de população negra do País, e o elenco da novela é predominantemente branco. Na sexta, o Ministério Público do Trabalho (MPT), por meio da Coordenadoria Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidade e Eliminação da Discriminação no Trabalho, enviou à Rede Globo uma notificação recomendando à emissora a devida representação racial na novela. Segundo o MPT, o descumprimento pode resultar em ação.
Sobre as críticas e a recomendação do MPT, a Comunicação da Globo afirma que a emissora respeita a diversidade e repudia qualquer tipo de preconceito e discriminação, inclusive o racial. “Estamos atentos, ouvindo e acompanhando esses comentários, seguros de que ainda temos muita história pela frente. De fato, ainda temos uma representatividade menor do que gostaríamos e vamos trabalhar para evoluir com essa questão”, diz trecho da nota enviada pela emissora.
Na época em que o jornal “O Estado de S. Paulo” entrevistou João Emanuel, um dos grandes autores da teledramaturgia brasileira – que fez história com A Favorita e Avenida Brasil -, o que se debatia era a ausência de atores baianos entre os protagonistas. “Tem muito ator baiano na novela”, o autor garantiu.
Segundo Sol significa segunda chance. Esse é o cerne da história idealizada e escrita por João Emanuel. A trama tem início em Salvador, nos anos 1990. Beto (Emilio Dantas), um dos filhos de Dodô (José de Abreu) e Naná (Arlete Salles), conquistou fama como cantor de axé, mas há anos amarga o ostracismo. A família está endividada, e Beto aceita fazer um show em Aracaju para ajudar. Só que ele perde o avião, que cai no mar. O rapaz é dado como morto. Há uma comoção nacional, e o irmão de Beto, Remy (Vladimir Brichta), e a namorada do cantor, Karola (Deborah Secco), querem tirar lucro disso e o convencem a não revelar que está vivo. Beto aceita manter a farsa e vai para a fictícia ilha de Boiporã, próximo a Salvador, onde conhece a marisqueira Luzia (Giovanna Antonelli), que cuida sozinha dos dois filhos pequenos. Para Luzia, ele se apresenta como Miguel.
Os dois engatam um romance que simboliza um recomeço para ambos. No entanto, por causa de uma armação arquitetada por Karola e Laureta (Adriana Esteves), as duas grandes vilãs da novela, o casal é separado. O ex-marido de Luzia volta, é instigado pelas vilãs a acabar com Beto, e Luzia, para defender o amado, mata o ex sem querer. “Tem essa tragédia, ela é obrigada a fugir. Ela foge da cadeia, foge para a Islândia, fica lá durante 18 anos. Até que não aguenta mais de saudade dos filhos, e volta escondida, foragida da polícia, para tentar reencontrar os dois filhos que teve de abandonar”, detalha João Emanuel. É a segunda chance que ela encontra para reconstruir sua família. “A história da novela é a saga dessa mulher para juntar esses pedacinhos do que já foi uma família, essa que é a ideia da novela, de ter uma nova chance de juntar os cacos dessa família.”
Aliás, família é um tema que é a caro ao autor e está muito presente em sua obra. Filho único, ele conta que, depois que sua mãe e sua avó morreram, seus amigos se tornaram sua família. “Sou muito apaixonado por contar histórias de família, até porque vim de uma família pequena, e a ideia de famílias grandes sempre é algo que me fascina”, diz João Emanuel.
Segundo Sol marca ainda a volta de Adriana Esteves a uma trama do autor. A atriz, que interpretou a inesquecível Carminha em Avenida Brasil, fará novamente uma vilã. Mas numa frequência diferente de sua Carminha. “Laureta é uma personagem amoral e livre, é uma libertina, inclusive. Ela não é a mulher de família, da moral e dos bons costumes (como Carminha), muito pelo contrário”, diz o autor, que confessa que, para ele, foi difícil não ter a atriz em sua novela anterior, A Regra do Jogo, de 2015. “Ela também é protagonista. Uma atriz como a Adriana Esteves te alimenta no processo de uma novela, com elementos que ela traz, é tão vivo o que ela faz, tão orgânico, que tinha de ser uma coisa de via de mão dupla, no sentido de me inspirar também a continuar escrevendo uma novela tão longa.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.