Nova onda de imigrantes detidos na fronteira aumenta pressão sobre Biden

O aumento do número de crianças que chegam à fronteira dos EUA com o México abriu a primeira crise do governo de Joe Biden, que chegou à Casa Branca com duras críticas ao sistema de imigração de Donald Trump. Agora, ele enfrenta pressão de democratas e republicanos sobre como lidar com um velho problema de maneira diferente.

Ao menos 3,7 mil crianças desacompanhadas estão sob custódia dos EUA na fronteira, segundo a <i>CNN</i>, um recorde. Só na quarta-feira, 800 menores chegaram de maneira irregular – quase o dobro da média diária. Parte deles está em locais semelhantes a prisões e por mais tempo do que a lei permite.

Ao chegar à Casa Branca, Biden reverteu políticas de Trump que restringiam a imigração, prometeu melhor tratamento aos que chegam em busca de asilo, disse que trabalharia pela legalização dos que já estão no país e uniria as crianças separadas de suas famílias por agentes de imigração. As promessas são uma clara oposição a Trump, que associou imigrantes a criminosos e prometeu construir um muro na fronteira.

A nova onda de imigrantes, no entanto, coloca Biden sob pressão. A condição degradante em que os menores eram mantidos nos centros de detenção foi uma das principais crises da política imigratória de Trump. Com o número crescente de crianças na fronteira, o governo atual tem fracassado na tentativa de manter os menores em locais adequados e liberá-los no prazo máximo de 72 horas estabelecido por lei.

No fim de semana, um grupo de 14 autoridades fez uma visita à fronteira, a pedido de Biden. O time foi liderado pelo secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas – primeiro imigrante e latino a chefiar o departamento responsável por políticas de imigração.

A imprensa já define a situação como uma "crise" – termo que a Casa Branca evita usar. Mayorkas, por exemplo, prefere tratar o caso como um "desafio". O governo reconhece, no entanto, que a nova onda de imigração têm relação com a mensagem política do democrata.

"Os picos tendem a responder à esperança. E havia uma esperança de uma política mais humana após quatro anos de demanda reprimida. Portanto, não sei se eu chamaria isso de coincidência, mas uma política mais humana pode ter levado as pessoas a tomar essa decisão", afirmou Roberta Jacobson, ex-embaixadora dos EUA no México.

Especialistas apontam ainda outros motivos para a nova onda de imigrantes: a devastação econômica, em razão da pandemia, e os efeitos dos furacões Eta e Iota, que atingiram a América Central em 2020. Na Casa Branca, Jacobson repetiu a mensagem que Biden quer transmitir: "A fronteira não está aberta", afirmou.

Os republicanos culpam Biden pela situação. Em artigo ao site da Heritage Foundation, centro de estudos conservador, o ex-chefe do serviço de imigração de Trump, Mark Morgan, chamou a o momento atual de "uma crise criada por Biden". "O aumento das detenções na fronteira será mitigado apenas quando o governo retratar publicamente sua promessa de anistia e restaurar políticas de imigração eficazes e responsáveis", escreveu.

Enquanto isso, instituições de direitos humanos e democratas mostram preocupação com as crianças. O governo promete injetar US$ 4 bilhões na América Central para tentar resolver problemas estruturais e conter a imigração. A ideia não é destinar o dinheiro governos, mas a iniciativas da sociedade civil e setor privado. Mas o plano é de longo prazo. No curto prazo, os imigrantes continuarão a fugir em busca de uma vida melhor.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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