Diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Michelle Bowman disse nesta sexta-feira, 22, acreditar que "aumentos de juros adicionais" (no plural) provavelmente serão necessários para retornar a inflação nos Estados Unidos à meta de 2%. Em discurso durante evento com banqueiros no Colorado, a dirigente também indicou expectativa de que a taxas fiquem em níveis restritivos por algum tempo.
Ela reconheceu os "consideráveis progressos" recentes nos esforços para a retomada da estabilidade de preços, mas advertiu que a inflação ainda está muito elevada. Em particular, a diretora chamou atenção para a aceleração no indicador cheio do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), diante da escalada dos preços de petróleo.
"Vejo um risco contínuo de que os preços da energia possam subir ainda mais e reverter alguns dos progressos que temos visto na inflação nos últimos meses", alertou ela, que também ressaltou que a economia permanece forte, com gastos de consumidores "robustos" e recuperação do mercado imobiliário residencial.
Michelle Bowman afirmou ter apoiado a decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) de manter juros entre 5,25% e 5,50% esta semana.
Segundo ela, não há uma trajetória predefinida para a política monetária, mas o Fed deve "continuar disposto a aumentar a taxa dos Fed Funds em uma reunião futura se os dados disponíveis indicarem que o progresso na inflação estagnou ou é demasiado lento para levar a inflação para 2% em tempo útil".
<b>Crédito e atividade</b>
Michelle Bowman afirmou ainda que os bancos nos Estados Unidos têm apertado os padrões de empréstimos em resposta à escalada dos juros no país. No entanto, a dirigente não vê sinais de uma restrição acentuada no crédito que poderia desacelerar a economia de maneira significativa.
No evento com banqueiros no Colorado, ela reiterou que o sistema bancário permanece "forte e resiliente".
Segundo ela, a força no caixa de famílias e empresas, além de outras fontes de crédito, sugerem que os efeitos do arrocho monetário nos empréstimos e na atividade serão menores do que em ciclos anteriores.
<b>Regulação</b>
Sobre regulação para o setor, Michelle Bowman defendeu que as novas regras precisam focar na identificação de problemas, devem ser guiadas por dados e debates e desenvolvidas por um processo transparente e aberto.