Política

Novas revelações contra Lucas Sanches incluem até contrato de divisão do mandato

O vereador Lucas Sanches voltou a ser alvo de acusações de corrupção na última quarta-feira (28) por parte de seu ex-chefe de Gabinete Caíque Marcatt. Dessa vez, o antigo braço direito de Sanches compartilhou materiais onde mostra ex-assessores manuseando dinheiro, que seriam frutos de rachadinhas, além de novos vídeos das agressões que ele e o jornalista Valdir Pimenta sofreram no início do mês. Segundo Caíque, o vereador e candidato a prefeito pelo PL estaria por trás dos ataques.

O GWeb também teve acesso a um contrato assinado pelos dois, em que Lucas “divide” metade de seu gabinete de vereador a Marcatt por R$ 80 mil. O documento teve as assinaturas reconhecidas em cartório em outubro de 2020. Além de poder indicar 50% dos cargos comissionados, o vereador garante Marcatt como chefe de Gabinete.

Marcatt também apresentou denúncia formal ao Conselho de Ética da Câmara Municipal de Guarulhos, que pode iniciar um processo de cassação contra o vereador por quebra de decoro, se comprovado os crimes. No documento, o ex-assessor aponta, além dos fatos mencionados, que Lucas também administrava cargos fantasmas e que tentou coagir Marcatt a assumir a culpa pelas práticas ilícitas, após o início da investigação pelo Ministério Público de São Paulo.

“Ao me negar em participar do esquema, e não assumir os crimes cometidos pelo vereador Lucas Sanches, houve o rompimento de nossa amizade e o término da relação profissional. A partir desse momento, eu, familiares e amigos passamos a sofrer diversas ameaças. Primeiro, meu sogro na porta da empresa dele na zona leste de São Paulo, depois, o meu melhor amigo, o jornalista Valdir Pimenta, também foi ameaçado e por fim, minha esposa”, conta Caíque no documento.

No vídeo divulgado por Marcatt, três ex-assessores de Lucas Sanches aparecem contando altas quantias de dinheiro, que segundo o ex-chefe de Gabinete, seriam para “pagar contas pessoais de Lucas, contas relacionadas as redes sociais dele e custas do escritório político do vereador”.

As supostas rachadinhas de Sanches teriam gerado um prejuízo ao município de mais de R$ 500 mil, segundo Marcatt. “Lucas Sanches somava a quantia de aproximadamente R$ 18 mil mensais, que renderam ao vereador o montante próximo de R$ 500 mil e, consequentemente, geraram o mesmo valor de prejuízo aos cofres públicos do município de Guarulhos”, conta.

Carne crua 

Lucas Sanches também é acusado, nos materiais de Caíque, de comandar um esquema de disseminação de fake news com fins eleitorais em Guarulhos. O grupo no WhatsApp, denominado “Carne crua”, tinha o objetivo de produzir desinformações a fim de prejudicar a candidatura de seus concorrentes ao pleito neste ano. Participavam do chamado “gabinete do ódio” Carlos Santiago, candidato a vereador pelo PL, além de Sanches e alguns de seus ex-assessores.

O candidato Xerife do Consumidor foi o principal alvo dos materiais mentirosos produzidos pelo grupo. Em uma das conversas vazadas, Santiago aparece propondo ataques ao deputado estadual do Republicanos. “Pessoal o que acham de colocar na edição aquele em que ele aparece com a parte do Almeida 13”. Giovani, outro participante, responde: “Não acho ruim não, até porque esse aí tende a viralizar. Não é a mensagem do vídeo, mas não custa nada deixar no subconsciente tbm. Depois dá para fazer outro só citando a questão do PT e podemos citar de leve tbm que ele ferra com os comerciantes”.

Após debaterem sobre o que concordam ser uma fake news, Lucas Sanches ordena que os assessores disparem a mensagem, mas fora de Guarulhos. Santiago concorda: “Disparo vindo de fora. Sem rastreio”. Lucas completa: “Boa”.

Em seguida, Santiago orienta os executores do plano como devem proceder, repetindo uma tática de quem não quer ser flagrado como autor de fake News: “ (dispara) Em movimento. De preferência. E acho que o chip que disparar isso precisa queimar. Importante não ter usado em sua casa e etc… Cruzar ERB. Porque esse vai ser do c….Vão para cima”, diz.

Lucas Sanches dá o aval final para a ação, ao responder a Caio, responsável do gabinete do ódio por fazer os disparos. Caio escreve: “O chip que tenho lá no grupo, eu nunca loguei em nenhum wifi. Vou disparar amanhã cedo, fora da cidade então e já descarto pela estrada. Lucas Sanches responde “isso”. Santiago emenda: “Perfeito”.

A conversa que teve início às 14h37 de 17 de abril termina às 21h58 do mesmo dia após uma última ordem de Lucas: “Bom compartilhar com um ´Você viu isso? ´. Para gerar curiosidade”, demonstrando que tinha habilidade para despertar o interesse de quem visse a mensagem em grupos de WhatsApp.

 

Ex-chefe de Gabinete de Sanches confirma as práticas

Marcatt, o ex-chefe de Gabinete de Lucas Sanches, confirmou em entrevista que a disseminação de fake news era prática comum entre Sanches e seus assessores. “Eles criavam esses perfis e saíam da cidade para que seus aparelhos não fossem alcançados”, disse.

Diante das acusações, Caíque finaliza o documento para o Conselho de Ética dizendo que “Essa Casa (Câmara) não pode deixar impune um Vereador que se apropriou indevidamente do dinheiro dos seus assessores lotados nesta Câmara Municipal e, para ocultar essa conduta, praticou diversos outros crimes, que vão desde o crime de ameaças, por si próprio e por terceiras pessoas ligadas a ele, dentro da Câmara Municipal no exato dia de volta do recesso e, ainda, nas agressões em cumprimento às ameaças, que pode se considerar uma tentativa de homicídio”.

 

Perguntas não respondidas

 

O GWeb encaminhou as seguintes perguntas à assessoria de Lucas Sanches:

  • Diante dos novos indícios apresentados por seu ex-chefe de Gabinete à Câmara Municipal, inclusive com mais vídeos comprometedores, o que o sr. tem a dizer?
  • O sr. tinha conhecimento de que seus assessores manipulavam grande quantia de dinheiro na “cozinha” de seu gabinete?
  • O sr. irá tomar alguma providência contra eles, já que são bem próximos ao senhor. Um deles, inclusive, aparece em diálogo com o sr. naquele grupo “Carne crua”, em que vocês tramam disparos de fake News?
  • vídeos postados em redes sociais, é exibido um contrato com assinatura do senhor reconhecida em cartório, cujo teor demonstra que o senhor vendeu metade de seu mandato para o ex-chefe de gabinete que, inclusive, pagou uma quantia em dinheiro pela negociação. O sr. acha lícita esse tipo de prática, ainda mais que foi feita às escuras?
  • O que o senhor tem a dizer sobre o contrato que divide o mandato com Caíque?

Sem responder às questões acima, na manhã desta sexta-feira, a assessoria disparou o seguinte comunicado à imprensa:

“Diferentemente do que vem sendo ventilado e divulgado de forma irresponsável e mentirosa, sobretudo nas redes sociais, o candidato a prefeito de Guarulhos-SP pelo PL, Lucas Sanches, não tem qualquer envolvimento com a agressão que o senhor Caíque Marcatt sofreu, na rua, há poucos dias, e que o ex-assessor, insistentemente, lhe quer atribuir a autoria.

Marcatt, de forma leviana, omite à opinião pública, durante suas reiteradas entrevistas e investidas, a informação de que o acusado pelas agressões já foi identificado pela Polícia Civil de Guarulhos, está preso e afirmou, perante às autoridades, que a motivação do ataque ocorrido em 5/8 (segunda-feira) foi uma ‘briga de trânsito’. O depoimento do agressor isenta, assim, totalmente Sanches da possível tentativa de homicídio.

Matheus Henrique Barbeiro Garrett Marinho, vendedor, de 30 anos, morador de Guarulhos, foi detido pela Polícia Civil e ouvido em 12/8 (segunda-feira), na sede do 5º Distrito Policial (DP) do município. Difícil acreditar que Marcatt, que deveria ser o primeiro interessado em acompanhar as investigações, não tenha acesso ao Boletim de Ocorrência (B.O.) KQ4306-2/2024 que abarca o Termo de Declarações do preso.

Perante ao delegado de Polícia Fúlvio Mecca, que conduz o inquérito em tela, o acusado deu detalhes de como os fatos se sucederam. Marinho afirmou que estava acompanhado de um colega quando se envolveu numa briga de trânsito, na Avenida Guarulhos, 1.820, Vila Augusta, em 5/8, e que, ‘após uma discussão’, os envolvidos ‘desceram do veículo e agrediram o motorista que estava no automóvel’.

No depoimento, o preso afirmou que sequer conhecia as vítimas – Marcatt e Valdir Pimenta Júnior – e confessou ter agredido ‘somente uma pessoa’ – informação que conflita com a versão de Marcatt. À autoridade policial, o acusado disse, ainda, ‘desconhecer as alegações das vítimas’, quando as mesmas atribuem o ataque à Sanches – eximindo, desta forma, o candidato a prefeito de Guarulhos pelo PL de quaisquer suspeitas.

O fato de Sanches não ter garantido apoio irrestrito à candidatura a vereador de Marcatt fez com que o ex-assessor se revoltasse e se posicionasse, mais recentemente, como inimigo número 1 do liberal – esbarrando quase que numa obsessão. As perseguições não são de hoje e estão sendo todas levadas à Justiça, para que Marcatt responda por seus atos na forma da lei. O mesmo se aplica a quem divulgar os fatos em questão divorciados da verdade.”

*Assessoria Jurídica e de Comunicação | Campanha Lucas Sanches (PL Guarulhos-SP)*

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