O novo cabo submarino que ligará a América do Sul à Europa pode reduzir os custos da banda larga no País e aumentar a segurança de dados, disse o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini. A estrutura terá 5,9 mil quilômetros, custará US$ 185 milhões e seguirá de Fortaleza a Lisboa. Uma joint venture entre a Isla Link (45%), Telebras (35%) e um terceiro acionista brasileiro privado (20%), ainda a ser escolhido, será responsável pela construção e operação da estrutura. O acordo de acionistas foi assinado nesta terça-feira, 30, no Ministério das Comunicações.
“Temos a garantia de que esse processo de interligação reduz custos. Não é uma empresa apenas da Isla Link, mas também da Telebras e de um terceiro investidor. Portanto, tudo que tiver de ser decidido será no âmbito dessa parceria internacional”, afirmou o ministro, que não fez uma estimativa dessa redução. “O certo é que haverá (redução de custos), porque hoje temos um custo adicional de tráfego passando por outros países antes de chegar à Europa.”
O cabo vai demandar investimentos de US$ 185 milhões e terá capacidade de 30 Terabits por segundo. De acordo com as empresas, a estrutura será construída em 18 meses, a partir do primeiro trimestre de 2016, e deve ficar pronta no início de 2018.
Segundo a Telebras, a demanda por tráfego internacional na região cresce 40% ao ano e é escoada para os Estados Unidos a uma razão aproximadamente mil vezes superior à que se destina diretamente à Europa. Isso ocorre porque, atualmente, existe apenas um cabo ligando a América do Sul à Europa, mas sua capacidade está esgotada.
Berzoini destacou ainda que o cabo vai dar mais segurança às informações e dados no País. “A legislação europeia em relação a dados é bastante importante para assegurar a proteção de dados de maneira ampla, e não apenas dos dados dos cidadãos. Um dos objetivos fundamentais desse cabo é a segurança de dados internacionalmente para pessoas físicas e jurídicas em atividades comerciais e de defesa”, afirmou o ministro.
Os investimentos da Telebras serão feitos com recursos do Orçamento deste ano e de 2016. Segundo o presidente da Telebras, Jorge Bittar, esses recursos não foram alvo de contingenciamento porque o cabo é considerado prioritário para o País. A direção da empresa será dividida ao meio entre Isla Link e Telebras.
De acordo com a Telebras, o projeto vai permitir que o Brasil e a América do Sul possam ter acesso direto aos maiores Pontos de Troca de Tráfego (PTTs) do mundo, localizados em Frankfurt, Amsterdã, Londres e Paris, o que permitirá uma oferta maior de capacidade de tráfego internacional com menor latência (tempo entre envio e chegada de uma informação) e potencial redução de custos.
Segundo Bittar, os investimentos também serão feitos com recursos oriundos de financiamentos, cuja garantia serão pré-contratos com clientes da joint venture, a serem negociados a partir da constituição da empresa. Bittar disse ainda que há perspectivas de que Fortaleza se transforme em um PTT.