Estadão

Novo governo deve rever cortes de alíquotas de itens de fora do Mercosul

Em uma sinalização de que deve reverter as principais medidas adotadas pelo atual governo no comércio exterior, a equipe de transição estuda revogar a redução feita pelo Brasil de forma unilateral na Tarifa Externa Comum (TEC) que é cobrada para a importação de produtos de fora do Mercosul.

Os técnicos também estudam revogar a redução de tributos para a importação de itens considerados de luxo, como jet skis e lanchas. Alguns desses produtos foram incluídos na lista que permite a redução das tarifas a pedido do próprio presidente Jair Bolsonaro (PL), que queria baratear o preço no Brasil.

Sem o aval dos parceiros do bloco, a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, cortou em 20% o imposto para a importação de outros países, o que, na prática, significa que as taxas praticadas pelo Brasil estão mais baixas do que as de Argentina, Uruguai e Paraguai. Segundo o <i>Estadão/Broadcast</i> apurou, esse é um dos pontos em discussão no grupo que assessora o governo eleito e que deve propor medidas para a área de Indústria e Comércio Exterior.

Até agora, os integrantes da equipe de transição têm feito um diagnóstico geral do setor e levantado pontos de alerta, como a falta de orçamento para programas da área.

Também estão na lista de estudo para provável revogação medidas antidumping adotadas pelo atual governo e portarias que facilitaram a importação de bens de capital e de informática com tributos reduzidos – os chamados "ex-tarifários".

<b>REGIÃO</b>

Desde que assumiu, o ministro Paulo Guedes deixou claro que o Mercosul não era uma prioridade para o atual governo e que queria modernizar o bloco, o que passaria por uma redução das tarifas cobradas na importação de produtos de outros países. Em reuniões nos últimos quatro anos, a equipe de Guedes tentou convencer os demais integrantes do grupo a reduzir a TEC.

Ainda assim, o governo brasileiro, à revelia do bloco, anunciou duas reduções na TEC de 10% cada. Em novembro do ano passado, o Brasil reduziu unilateralmente a tarifa em 10%, usando uma brecha no regulamento do bloco que permite medidas do tipo para a "proteção da vida e da saúde das pessoas". Em maio deste ano, após o acirramento da guerra entre Ucrânia e Rússia, o governo brasileiro aprovou uma nova redução de 10%, válida para diversos produtos.
Em reunião do Mercosul em julho do ano passado, o bloco chegou a homologar o primeiro corte – que os demais países poderão adotar de maneira flexível até 2025 – e permitiu a redução adicional feita pelo governo brasileiro até o fim de 2023.

O corte nas tarifas foi anunciado pelo governo como uma forma de combater a inflação e atingiu 87% dos produtos comercializados com países que não estão no grupo, mantendo de fora bens como automóveis e sucroalcooleiros, que já têm um tratamento diferenciado pelo bloco.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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