Estadão

Novo livro de Felipe F. Munhoz costura poesia e dramaturgia

Na pandemia, o escritor Felipe Franco Munhoz venceu um desafio: permanecer, junto com a família, totalmente isolado, sem nenhum contato com o que estivesse fora de seu apartamento, durante 312 dias. O sacrifício ajudou a preservar a saúde de todos contra a covid, e também permitiu que ele trabalhasse em seu novo livro, Lanternas ao Nirvana (Record), que será lançado nesta terça, 31, na Livraria da Vila da Rua Fradique Coutinho, a partir das 18h.

"O título foi extraído de uma quadra-refrão do poema A Cena Mais Profana: quase altar e quase arena / com lanternas ao nirvana; / da proposta mais obscena / para a cena mais profana", explica Munhoz. "Quando escrevi esse poema, percebi que o contraste de luzes e sombras, já impregnado na forma e no conteúdo, era o eixo central do livro."

Como em suas obras anteriores, Mentiras (2016) e Identidades (2018), o escritor costura poesia e dramaturgia, que culmina em um relato que revela como a urgência da vida naquele período pandêmico de suspensão despertou diversos atos criativos no artista. O poema Segundo Andar: Defronte, Estou, por exemplo, que abre o livro, reproduz um olhar de quem acreditava que o confinamento seria passageiro, ou seja, ainda não era capaz de compreender a dimensão do futuro próximo.

IDEIAS. Aos poucos, porém, a gravidade da situação fez com todos constatassem a necessidade de uma vida segredada, observada no livro na repetição de ideias. "O momento do mundo em que Lanternas está inserido – o primeiro ano da pandemia – era um momento de repetição: do tema covid na imprensa e nas conversas cotidianas; repetição, para muitas pessoas, do cotidiano em si; repetição de atitudes nos isolamentos; e as inquietudes diariamente repetidas, as inseguranças. Pensei, então, que seria o caso de inserir repetições e refrões em certas passagens."

O isolamento revelou-se incentivador para que Munhoz praticasse mais experimentações linguísticas, como fizera nas obras anteriores. "Após Identidades, esse estilo ficou evidente para mim: desde a imagem do texto na página (como se a página fosse um espaço para determinada performance de palavras, como se as palavras configurassem um objeto visual), até o conceito estrutural de mesclar rubricas teatrais e vozes, muitas vezes em versos, com escolhas pontuais de métrica e de prosódia.

Lanternas ao Nirvana
Felipe F. Munhoz
Editora Record
114 págs., R$ 49,90
R$ 34,90 e-book

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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