Internacional

Novo Parlamento de Mianmar toma posse, dominado pelo partido da Nobel Suu Kyi

O novo Parlamento de Mianmar, liderado pela primeira vez pelo partido da líder pró-democracia Aung San Suu Kyi, tomou posse nesta segunda-feira, com a missão de instalar o primeiro governo democraticamente eleito em mais de 50 anos no país. A Liga Nacional pela Democracia, de Suu Kyi, obteve uma vitória folgada nas eleições de 8 de novembro, levando cerca de 80% das cadeiras em disputa nas duas Casas do Legislativo, ao derrotar o Partido União, Solidariedade e Desenvolvimento, apoiado pelos militares.

Muitos legisladores declararam que esta segunda-feira pode ser o início de uma nova era, após décadas de opressão militar, guerra civil e muita pobreza. “Isso é como um sonho para mim”, disse Khin Maung Myint, congressista da Liga Nacional pela Democracia. “Eu nunca imaginei que nosso partido fosse capaz de formar o governo”, admitiu.

Legisladores dos dois principais partidos, de siglas menores de minorias étnicas e representantes apoiados pelos militares entraram no Parlamento para a sessão na Câmara dos Deputados, onde os nomes das duas Casas juraram os cargos.

Durante anos, a Liga Nacional pela Democracia foi alvo da repressão dos militares. Os generais comandaram Mianmar direta ou indiretamente após tomarem o poder em 1962 e durante anos centenas de líderes partidários ficaram presos, entre eles Suu Kyi, que levou o Nobel da Paz em 1991.

O país do Sudeste Asiático começou a se afastar da ditadura em 2011, quando os militares concordaram em entregar o poder para um governo nominalmente civil liderado pelo presidente Thein Sein, um general que se transformou em reformista. Ele deixará o posto no fim de março ou no início de abril, quando um presidente apontado pela Liga deve assumir.

Suu Kyi não pode chegar à presidência, porque seus filhos e o falecido marido são cidadãos britânicos e nesse caso a Constituição a impede de comandar o país. Ela não anunciou ainda quem seu partido nomeará para a presidência.

Apesar de vencer com folga, a Liga terá de dividir o poder com os militares. A Constituição nacional prevê que 25% das cadeiras das duas Casas sejam sempre reservadas a nomes apontados pelos militares. Fonte: Associated Press.

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