Após abrir seu mandato na entidade que representa as montadoras com um discurso que deu ênfase à reindustrialização do País, o novo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, disse nesta segunda-feira, 2, que não jogou a toalha em relação à aprovação, até dezembro, da reforma tributária, apesar das dificuldades de avanço nessa frente em ano eleitoral.
Em sua primeira entrevista coletiva à imprensa no cargo, Leite considerou que o jogo da reforma tributária neste ano não está perdido, lembrando que a modernização do sistema como o Brasil recolhe impostos tem sido um dos principais do diálogo das entidades do setor produtivo com o governo.
"Precisamos dar o primeiro passo na reforma tributária para o Brasil se tornar competitivo. Acreditamos na reforma tributária, e com o senso de urgência que é necessário", reforçou o representante da indústria de veículos.
Citando a desorganização das cadeias globais de produção, cuja consequência são as paradas de fábricas por falta de peças, em especial componentes eletrônicos, Leite considerou que o momento exige atenção para a retomada dos investimentos na industrialização e desenvolvimento de fornecedores no País. "O Brasil não pode exportar apenas para a América Latina", frisou Leite.
Ele acrescentou que a transição tecnológica, com a ascensão dos sistemas de propulsão elétrica, coloca um desafio para indústria, porém os caminhos para o Brasil não ficar atrás na corrida das novas tecnologias vêm sendo discutidos com os governos federal e estaduais. "O desafio é que os investimentos acompanhem as novas rotas tecnológicas. Não podemos criar um descompasso dos fornecedores com o que está sendo feito no mundo", pontuou.
<b>IPI</b>
O novo presidente da Anfavea terá na terça-feira seu primeiro encontro com o ministro da Economia, Paulo Guedes, após assumir nesta segunda-feira o comando da associação que representa as montadoras de veículos. Durante entrevista coletiva à imprensa, Leite informou que estará acompanhado de presidentes de montadoras para discutir, entre outros assuntos, os resultados e tendências do corte no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), anunciado no fim de fevereiro.
O corte adicional no imposto, anunciado na semana passada, excluiu as categorias de veículos onde estão os maiores volumes do mercado.
Embora tenha levantado a bandeira da indústria pela zeragem do IPI, Leite evitou fazer críticas ao governo. Preferiu destacar que as sinalizações do Planalto têm sido no sentido de corte linear do tributo.
<b>Componentes</b>
O novo presidente da Anfavea estimou nesta segunda-feira em mais de 100 mil veículos o volume de produção de carros perdido neste ano por falta de componentes. Na entrevista coletiva à imprensa, ele lembrou que, em 2021, as montadoras já tinham deixado de montar 350 mil veículos pela escassez de peças, sendo os componentes eletrônicos o principal item em falta nas linhas de montagem.
"Essa desorganização da cadeia global de produção requer um novo pensamento para a indústria. Estamos atentos e temos discutido com governos federal e estaduais", declarou Leite.
<b>Eleições</b>
Ao falar das eleições de outubro, o novo presidente da Anfavea observou que a entidade é apartidária e não vai apoiar um candidato específico.
Deixou claro, porém, que a associação vai participar do diálogo com os candidatos para dar suas contribuições nas agendas que visam a um País mais competitivo.