Estadão

Novo presidente diz que Fiesp será apartidária e faz críticas a Bolsonaro

O novo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, disse nesta quinta-feira, 17, que a entidade se manterá apartidária em relação às próximas eleições. Segundo ele, a entidade "não tomará posições que são mais típicas de partidos políticos".

Apesar dessa posição, ele fez críticas duras ao governo Jair Bolsonaro, em um café da manhã com jornalistas. Disse que os livros de história contarão que o governo Bolsonaro foi o que mais atacou as instituições.

Afirmou também torcer para que, caso seja reeleito, o atual presidente da República, passe a agir de forma diferente. E ressaltou que, seja quem for o candidato que ganhar as eleições presidenciais, o Brasil não vai acabar.

<b>Dinamismo industrial e reflexos para o PIB</b>

O empresário falou de suas preocupações com as questões sociais, ambientais e, do ponto de vista da economia, com o baixo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e a perda de dinamismo da indústria da transformação, principalmente por conta da estrutura tributária do País. Segundo ele, o baixo crescimento da economia brasileira tem uma relação estreita com a perda de dinamismo da indústria, especialmente a da transformação, nas últimas quatro décadas.

"Nas últimas quatro décadas, a indústria perdeu três", lamentou o presidente da Fiesp, para quem o setor, que emprega mão de obra de qualidade e com uma média de salários superior à de outros segmentos, tem por obrigação ajudar a reverter a crise social que se abate sobre o País.

"Meu escritório é aqui perto (da Fiesp). Deixo meu carro lá e venho a pé e vejo famílias morando na rua da cidade mais rica do Estado mais rico em plena Avenida Paulista. Não podemos achar que isso é normal", disse ele, acrescentando que uma das metas dos quatro anos de sua gestão é liderar a indústria a investir em educação e geração de empregos com bons salários para as pessoas.

<b>Estrutura tributária</b>

Gomes disse também que a perda de dinamismo da indústria está estreitamente ligada à estrutura tributária do País, que viu no setor facilidade para tributar. Disse que a alíquota de imposto incidente sobre a indústria é de 27% e que a Fiesp vai apoiar e trabalhar pela aprovação de uma reforma tributária.

O empresário disse ainda que o Brasil e seus governantes precisam entender que redução de impostos não quer dizer que haverá perda de arrecadação. Parafraseou o economista americano Arthur Laffer, que dizia que a instituição de alíquotas de imposto zero geram zero de arrecadação e que alíquotas de imposto de 100% também geram arrecadação zero na medida que as pessoas deixam de pagar seus impostos.

"Reduzir impostos para a indústria não implica em aumentar impostos para outros setores da economia. Mas temos que desatar o nó górdio da nossa estrutura tributária", ponderou Josué Gomes.

Por outro lado, segundo ele, o momento da indústria chegou e o mundo inteiro está debatendo o papel do setor no crescimento econômico. E o Brasil, segundo Josué, tem de debater a "reindustrialização" do País.

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