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Novo presidente do Flamengo vai aproveitar a base para garantir acesso à A3

Caio Soler falou sobre os planos para a Quarta Divisão, arquibancada interditada e a situação financeira do clube

Eleito por aclamação na noite da última terça-feira, 21/01, para o próximo triênio (2020-2022), Caio Soler é o novo presidente do Flamengo. Em sua primeira entrevista como mandatário do clube, o empresário de 43 anos recebeu o GuarulhosWeb na sede rubro-negra, no Jardim Tranquilidade, e falou sobre os novos desafios à frente da agremiação.

Dentre os temas abordados, o novo comandante do Corvo avaliou a participação da equipe na Copa São Paulo, expressou frustração por não conseguir o acesso à Série A3 do Campeonato Paulista nos últimos dois anos, comentou sobre a situação financeira do clube e a gestão de seu antecessor, Edson David Filho, além de se pronunciar sobre a tão sonhada abertura de uma das arquibancadas laterais do Estádio Antônio Soares de Oliveira, interditada por problemas de segurança.

Nascido em Guarulhos, o empresário atua no ramo de transportes e ingressou no Flamengo há quase 6 anos para supervisionar a categoria sub-20. Na função, o dirigente conquistou a Copa Ouro e os Jogos Regionais representando a cidade no ano passado.

“Começamos a categoria do zero. Eu acompanhava tudo e viajava com o grupo. Tivemos um 2019 excelente, com dois títulos e um terceiro lugar nos Jogos Abertos. No Paulista, sendo sincero, eu esperava um pouco mais. Acabamos eliminados nas oitavas. Mas, foi um ano cheio e proveitoso”, afirmou.

Copa São Paulo 2020

Na avaliação de Soler, o rubro-negro, eliminado pelo São Paulo na segunda fase da competição, tinha potencial para ir além no torneio, porém deu azar no cruzamento das chaves. “A avaliação geral é positiva. Fizemos uma boa primeira fase e ficou um gosto amargo de enfrentar um grande logo em seguida. Entendo também que não dá para comparar estrutura e investimento das duas equipes. Ainda assim, no confronto não tivemos uma noite feliz e o São Paulo jogou o que não havia jogado ainda na competição”.

Categorias menores

O acordo firmado com a Aces Sports, em setembro de 2018, rende à academia a gestão das categorias sub-11, sub-13, sub-15 e sub-17. De acordo com o novo presidente, o pacto alivia o tempo da diretoria no cotidiano e a mantém focada na principal finalidade atual, que é o acesso do time profissional. “O objetivo é subir o clube de divisão e a parceria desonera o clube em tempo e logística. É importante dizer que não é uma terceirização e sim uma gestão compartilhada. As decisões são tomadas em conjunto”, explicou.

Falando em equipe profissional, o Flamengo esteve muito próximo do acesso à Série A3 do Campeonato Paulista nas duas últimas temporadas. No entanto, a equipe rubro-negra acabou eliminada em ambas as ocasiões, adiando o sonho de retornar à divisão da qual foi campeão em 2008. “Em 2018 todo mundo viu o que aconteceu contra o Comercial. Nós tínhamos um time muito qualificado e achávamos que estava tudo certo para subir. Obviamente futebol se ganha dentro de campo, mas fomos assaltados no jogo em Ribeirão”, lembra.

“Em 2019 chegamos à semifinal, porém com um time bem mais jovem e dentro das limitações de investimento do Flamengo. Enfrentamos o tradicional Paulista de Jundiaí, campeão da Copa do Brasil e com grande torcida. Fizemos a partida decisiva fora de casa e acabamos não passando. Entendo que tenha faltado um pouco de sorte pelo adversário que enfrentamos na hora do acesso”.

Planejamento 2020

Para a disputa do Paulistão da Quarta Divisão neste ano, o presidente pretende montar um time competitivo, aproveitando ao máximo atletas formados nas categorias de base. “A ideia é utilizar muitos jogadores que já estão no clube e foram vencedores. Com responsabilidade e sem fazer loucuras, vamos buscar no mercado nomes um pouco mais experientes e identificados com a cidade e a agremiação”.

Atento ao mercado, Caio Soler afirmou que o Flamengo não vai demorar para anunciar o novo técnico do time para a disputa do Campeonato Paulista. “O arbitral do campeonato acontece no dia 29 e creio que até lá teremos novidade. Estamos conversando com alguns profissionais e provavelmente vamos divulgar na próxima semana”, promete.

O comandante da categoria sub-20 do clube, Raphael Laruccia, é um dos nomes cogitados para assumir o cargo na equipe de cima, segundo o mandatário flamenguista. “O Raphael é guarulhense, estudioso e tem um grande futuro. Estamos pensando se ele assume o profissional ou continua no sub-20. De todo modo, ele faz parte dos nossos planos e fará parte da comissão da equipe”.

Arquibancada, placar eletrônico e refletores

Orçada em R$ 9 milhões no ano de 2007, a arquibancada lateral do Antônio Soares de Oliveira chegou a ser utilizada pelo público em jogos da equipe, entretanto acabou interditada pelos órgãos competentes, gerando certa mística entre os frequentadores do estádio, que aguardam a liberação definitiva do espaço ano após ano. “Todo mundo conhece a história. A arquibancada foi construída, utilizada e depois de um tempo, constatou-se que ela tem um ângulo de inclinação maior do que o permitido. Mas, alguma coisa precisa ser feita. Pretendemos liberar o espaço ainda neste ano, fazendo algumas adaptações necessárias que já estão em testes. Quanto ao placar, vamos buscar um parceiro para a implantação e, sobre a iluminação, houve uma conversa no último ano, que não avançou”.

Perguntado sobre a situação financeira do clube, o novo presidente afirmou que não há muitas dívidas. “São algumas trabalhistas, mas a maioria já encaminhada, algo raro em um clube de futebol. Vamos tornar público em breve. Assumi recentemente e farei um planejamento financeiro ao lado do meu vice, Flávio Carvalho, para os próximos anos”.

Edson David Filho

“Eu não tenho dúvida de que é um apaixonado. Ele nasceu aqui dentro e, com muita luta, fez uma gestão que colocou o Flamengo nos trilhos. Infelizmente teve um descenso que foi muito ruim para o clube, em um ano em que caíam seis times, o que foi um absurdo. Eu espero que ele continue nos ajudando. Ele é advogado e deverá cuidar da parte jurídica do clube. O Edson pai é um nome histórico para o Flamengo, um dos fundadores e o respeito muito. Está um pouco afastado”, disse.

Para Soler, o maior desafio é tornar o clube autossustentável. “Hoje não temos muita visibilidade e falta apoio. Precisamos aproximar a torcida, a iniciativa privada e subir o time de divisão, no mínimo para a A3”, completou.

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