Economia

Novo ritmo do BC é corte de 0,75 ponto na taxa de juros, diz Ilan em Davos

O Banco Central elegeu agora quedas de 0,75 ponto porcentual da Selic como o “novo ritmo” de afrouxamento monetário, conforme disse de forma clara nesta quarta-feira, 18, o presidente da instituição, Ilan Goldfajn, durante entrevista coletiva no Fórum Econômico Mundial de Davos. “Entramos num novo ritmo, 0,75 ponto porcentual é o nosso novo ritmo. Mas como vocês sabem, um novo ritmo pode mudar”, afirmou.

Se houve necessidade de mudança, de acordo com Goldfajn, isso se dará por causa de expectativas de inflação (do BC, e não apenas do mercado), do nível de atividade e também por causa de fatores de risco, externos e domésticos. “Tudo isso será levado em consideração. Entramos num novo ritmo”, reforçou.

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu por unanimidade baixar a taxa básica de juros para 13,00%, quando a expectativa majoritária do mercado era de uma redução de apenas 0,50 ponto porcentual (que levaria a Selic para 13,25% ao ano).

Ilan Goldfajn disse que o Brasil está passando por um processo de reformas, citou a área fiscal e microeconômica, também mencionou o interesse em investimentos em infraestrutura. “Do lado do BC, temos trabalhado em reduzir a inflação”, afirmou. Ele argumentou que o País passou por um choque e que, ao mesmo tempo que houve uma queda da atividade também foi vista uma elevação da inflação. Este, de acordo com ele, foi o resumo de 2016. “Agora estamos em uma posição melhor do que no ano passado”, comparou.

O presidente do BC enfatizou sua tarefa de levar a inflação de 11% em 2015 para 6,3% em 2016. “Isso é uma grande queda e estamos trabalhando nas expectativas.” Segundo ele, o BC lutava contra uma inflação elevada e esse trabalho precisa ser feito de forma contínua. “Reduzimos a Selic porque ancoramos as expectativas e a decisão de intensificar veio porque as evidências acumuladas mostraram que poderíamos ir além de 0,5 pp para 0,75 pp”, afirmou.

Metas

Ilan Goldfajn disse a jornalistas em Davos que a instituição não trabalha com uma meta para os juros. Ele fez essa observação quando questionado sobre até que nível poderia ocorrer a queda da taxa básica depois da surpresa com o corte de 0,75 pp da Selic, para 13% ao ano, na semana passada.

“Tenho falado e escrito que, com a inflação ancorada, temos espaço para reduzir juros e contribuir para o crescimento econômico. Não é o único fator, é um entre vários e vamos continuar avançando nesta linha”, afirmou. “Mas não temos metas para taxas de juros, apenas para inflação”, disse em relação à taxa de 4,5% que busca atingir no fim deste ano.

Trump

Sobre possíveis impactos negativos do governo de Donald Trump sobre o Brasil, ele ressaltou que a posse apenas se dará no próximo dia 20 e que medidas protecionistas afetam mais países que têm mais relação direta com os Estados Unidos. “Nosso risco é mais indireto”, observou. Sobre o aproveitamento do processo de globalização, ele disse que o Brasil é um país relativamente fechado. “Podíamos ter mais benefícios se fôssemos mais abertos”, considerou.

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