Opinião

Novo sistema de transportes ainda longe de ser o ideal

Quem não conhece o sistema de transportes públicos em Guarulhos e assistiu o secretário municipal de Transportes e Trânsito, José Evaldo Gonçalo, em entrevista exibida pelo SPTV da TV Globo (sim, quando a entrevista é feita pela grande imprensa, que geralmente não toca em pontos críticos de sua gestão à frente da pasta, ele aparece), até pode acreditar que utilizar ônibus e vans no segundo maior município do Estado é uma maravilha. Ele tentava justificar o aumento no valor das tarifas, em vigor desde ontem, acima da inflação do ano.  Repetiu, mais de uma vez, que Guarulhos conta com ônibus novos, quase todos zero quilômetro, e que as velhas vans estão sendo substituídas por micro-ônibus novinhos em folha. Tudo verdade.


 


Evaldo, no entanto, não disse – provavelmente não foi questionado – nada sobre os problemas jurídicos para a implantação do novo sistema, decorrentes justamente de um projeto aprovado sem os devidos cuidados, que não levou em consideração os direitos adquiridos por quem já atuava no sistema e que – segundo decisão judicial – e que deixou brechas para contestações.


 


O nobre secretário, que não conseguiu implantar o Bilhete Único ainda em 2010, apesar de jurar de pé junto que cumpriria essa promessa, também  omitiu o fato de que o novo sistema, agora prometido para ter início neste sábado, não está pronto. Funcionará de forma um tanto capenga porque, até hoje, apesar da construção de terminais urbanos ter sido promessa de campanha do ex-prefeito Elói Pietá (PT), ainda em sua primeira gestão que teve início dez anos atrás, nenhum deles foi concluído. Hoje, além da improvisação da Rodoviária no Cecap, recém-inagurada mas em desuso para seu fim maior, todos os planejados ainda não passam de projetos.


 


Assim, o tão festejado sistema entrará em vigor gerando um verdadeiro nó na cabeça dos usuários. Primeiro, eles foram ludibriados a partir da última semana do ano, quando a Prefeitura anunciou a implantação do Bilhete Único sem avisar que a integração ainda não era possível. Agora, a população terá que conviver com um sistema híbrido, que misturará o anterior com o novo, mas sem as condições necessárias para operar.


 


Em tese, os micros ligariam os bairros mais distantes aos terminais espalhados por diversas regiões da cidade. Ali, sem pagar outra passagem, o cidadão pegaria um ônibus para seguir em direção à região central ou a outro terminal, em busca de seu destino final. Porém, sem os terminais, os passageiros precisarão descer dos micros nas ruas e ali ficar a espera da outra condução. Pode até parecer um detalhe, afinal nem tudo acontece da noite para o dia e a efetivação de um sistema moderno requer tempo. Mas precisaria haver maior seriedade do poder público na condução de um tema tão importante para a população.


 


O novo sistema de transportes não é só bem vindo como extremamente necessário. Mas Guarulhos merecia que todo o processo de implantação – tempo houve para isso – fosse cercado de maior transparência e objetividade. Com os erros (que não foram poucos) cometidos, a cidade corre o risco de seguir sem um transporte coletivo de qualidade.


.

Posso ajudar?