Prevista para entrar em vigor até o fim do mês, a nova Lei de Zoneamento deve ajudar a revitalizar corredores de comércio ociosos de São Paulo, mesmo em tempos de crise. A expectativa é de que a ampliação do número de atividades possíveis nas avenidas classificadas como zonas corredor (ZCors) proporcione novas oportunidades de negócios para imóveis vazios, à espera de locatários.
Segundo entidades ligadas ao mercado imobiliário, as Avenidas dos Bandeirantes, Rebouças, Washington Luís e Indianópolis são exemplos de vias passíveis de serem “recuperadas”. “A valorização pode ocorrer porque a restrição de usos será reduzida com a nova lei. Isso amplia o espectro de potenciais locatários de imóveis desocupados”, diz o engenheiro Reinaldo Fincatti, diretor da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp).
A liberação de uma gama maior de comércios e serviços em vias próximas de bairros residenciais é uma das principais polêmicas do projeto de lei aprovado no mês passado pela Câmara Municipal e atualmente em análise pelo prefeito Fernando Haddad (PT). A aprovação das ZCors ocorreu sob protestos de associações de moradores, que prometem ir à Justiça contra as novas regras.
Quando estiver valendo, o zoneamento permitirá, de acordo com o local, que um sobrado hoje usado apenas como escritório ou clínica médica seja transformado em restaurante ou bar. É o que pode ocorrer, por exemplo, com os imóveis da Avenida Indianópolis, que corta o Planalto Paulista, bairro estritamente residencial (ZER) na zona sul.
“Isso pode dar um impulso novo à região”, diz o corretor de imóveis José de Moraes Veloso, que atua no bairro há 22 anos. “Há cerca de 40 casas para alugar na Indianópolis. E tem gente interessada mesmo em abrir um restaurante ali. Agora vai poder.”
Outra possibilidade assegurada pelo zoneamento para os corredores comerciais da capital é trocar o comércio pela moradia. Os vereadores aprovaram a liberação de prédios de até 5 andares ou 15 metros nas Zcors.
Prazo
Para representantes da Associação Comercial de São Paulo, a valorização deve ser mais acentuada em locais que já têm um fluxo intenso de comércios e de serviços. “Não acredito em novos pontos comerciais em áreas isoladas de ZER, por exemplo. Naquelas já tradicionais, essa mudança pode sim mudar a cara da via”, diz a arquiteta Larissa Campagner, da Comissão de Política Urbana da entidade.
Larissa, no entanto, ressalta que esse processo não será imediato, por causa da situação econômica do País. “Diante dessa crise, não há planejamento urbano que resolva.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.