A quadra central de Wimbledon viu dois jogadores saíram de um mesmo jogo como vitoriosos nesta quarta-feira. Roger Federer porque ganhou a partida por 6/0, 6/3 e 6/4, em apenas uma hora e 25 minutos. Marcus Willis, porque em alguns momentos jogou de igual para igual contra um dos melhores de todos os tempos, em que se pese ser ele apenas o 772.º do ranking mundial.
Professor de tênis em Warwick, o britânico nunca havia disputado um torneio da Associação dos Tenistas Profissionais (ATP) na carreira. Antes de quase desistir da vida de jogador – conheceu uma garota, que viraria sua namorada, que o dissuadiu da ideia -, mais falhava do que tinha sucesso disputando qualifying de torneios de nível Challenger.
Em Wimbledon, passou por um pré-qualifying e pelo próprio quali para chegar à chave principal. Ao vencer o lituano Ricardas Berankis, 54.º do ranking mundial, na segunda-feira, ganhou uma impensável chance de jogar na quadra central contra Federer.
Willis aproveitou a oportunidade de todas as formas possíveis e teve sua história reconhecida pelo público que lotou a arena e vibrou com ele a cada conquista. O primeiro game vencido (o que só aconteceu no segundo set, depois de um pneu na primeira parcial) foi motivo de comemoração que parecia de título.
Até então, o jogo era quase uma exibição, com os dois jogadores se divertindo com o momento histórico e fazendo a festa da torcida. Quando Willis ganhou seu primeiro game, entretanto, o jogo ficou parelho. Tanto que Federer só conseguiu uma quebra no segundo set, vencido por 6/3.
No terceiro set, o britânico chegou a ter uma possibilidade de quebra do serviço de Federer no sexto game, mas o suíço salvou o risco com tranquilidade. O terceiro do ranking mundial conseguiu a quebra no nono game e sacou para a vitória no game seguinte.
O público aplaudiu de pé ao fim da partida, como sempre acontece. Mas, quando Willis levantou os braços para agradecer, ficou claro que aquilo era para ele. O público foi ao delírio e seguiu com as palmas e os gritos de incentivo até que o professor de tênis deixasse a quadra com uma premiação maior do que havia somado em toda a carreira.
Na próxima rodada, Federer enfrenta quem vencer o duelo entre o britânico Daniel Evans, 91.º do mundo, e o ucraniano Alexandr Dolgopolov, 30.º cabeça de chave e 33.º do ranking mundial.