A eleição para a Prefeitura de São Paulo em 2024 tende a refletir a polarização entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que marcou a eleição presidencial de 2022. De um lado, o petista apoia o deputado federal Guilherme Boulos, pré-candidato do PSOL; o prefeito Ricardo Nunes (MDB), por sua vez, tem o aval do ex-presidente para a disputa.
Boulos e Nunes estão tecnicamente empatados na pesquisa Datafolha de intenção de votos divulgada nesta segunda feira, 11, com 30% e 29% da preferência atual do eleitorado, respectivamente. Tabata Amaral (PSB) figura com 8%, Marina Helena (Novo) com 7%, e Kim Kataguiri, do União Brasil, com 4%.
O instituto também questionou os entrevistados quanto às preferências políticas para além do cenário local e, cruzando os dados, constata-se que o prefeito paulistano tem desempenho melhor "fora da bolha" da polarização do que o pré-candidato do PSOL. Comparativamente, Nunes vai melhor entre eleitores de Lula e de Fernando Haddad (PT) do que Boulos entre eleitores de Bolsonaro e Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O cruzamento das preferências políticas indica que a eleição à Prefeitura paulistana está, de fato, polarizada pela disputa a nível federal entre Lula e Bolsonaro. Enquanto Boulos e Nunes empatam tecnicamente no cenário geral da pesquisa estimulada, os pré-candidatos destoam nos recortes por eleitorado: entre os eleitores de Lula, Boulos tem 49% de intenções de voto, ante 21% de Nunes. Entre quem votou em Bolsonaro, o cenário se inverte: o prefeito tem 51% de intenções de voto, contra 9% de Boulos.
A pesquisa também cruzou os dados com o candidato escolhido na disputa ao governo paulista em 2022, quando o governador Tarcísio de Freitas venceu Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda, em segundo turno. Entre os que votaram no petista, 55% dizem que escolherão Boulos para a Prefeitura paulistana, contra 19% de intenções de voto em Nunes; entre os que escolheram Tarcísio, 50% dizem que votarão no prefeito, ante 10% de intenção de voto no deputado federal do PSOL.
Além do candidato votado em 2022, o Datafolha questionou se os entrevistados se afirmavam como "petistas" ou como "bolsonaristas". Entre quem se disse adepto do PT, Boulos detém 49% de intenções de voto, contra 18% de Nunes; entre os que se dizem partidários de Jair Bolsonaro, Nunes figura com 48%, ante 9% de Boulos.
Desta forma, Nunes tem desempenho melhor do que Boulos entre os eleitores que, do ponto de vista político, cada candidato teria mais dificuldade para conquistar. O prefeito também figura melhor que o pré-candidato do PSOL entre quem não se sente representado pelas polarizações Lula e Bolsonaro ou Tarcísio e Haddad, ou seja, entre quem votou branco, nulo ou não votou. Entre quem anulou o voto para presidente em 2022, 20% dizem que pretendem votar em Nunes, contra 13% que desejam votar em Boulos.
<b>Quem apoia quem?</b>
Apesar das declarações públicas de Lula e de Bolsonaro sobre os apoios políticos, o Datafolha indica que, a sete meses da eleição municipal, boa parte dos entrevistados ainda não sabe ao certo quem são os preferidos do petista e do ex-presidente.
Segundo a pesquisa, 46% dos eleitores ainda não estão informados sobre o aval de Lula a Guilherme Boulos e 63% não conhecem o apoio de Bolsonaro a Ricardo Nunes. Para fazer valer o potencial de votos, a conexão precisa estar clara na mente do eleitor.
<b>Movimentos do PT na capital</b>
Lula nutre expectativa pelo pleito na capital paulista. À imprensa, em janeiro, Lula classificou que a disputa em São Paulo, maior município do País, é "muito especial", sobretudo por ser uma "confrontação direta entre o ex-presidente (Jair Bolsonaro) e o atual presidente". "Entre eu e a figura", disse o petista à Rádio Metrópole de Salvador, recusando-se a citar o nome de Jair Bolsonaro.
Lula interveio na disputa paulistana diretamente, não só pelo apoio a Boulos, mas pela atuação intensa nos bastidores para que a ex-prefeita Marta Suplicy retornasse ao PT para ser a vice do pré-candidato do PSOL. O apoio dos petistas a Boulos está selado desde 2022, quando o então pretendente ao governo estadual concordou em retirar sua candidatura para que, neste ano, obtivesse o apoio do PT no pleito municipal.