Saúde

Nutrição sem estereótipos: desconstruindo padrões e promovendo a saúde

O ritmo frenético do filme alemão “Corra Lola Corra” serve como uma metáfora para a corrida constante da sociedade contemporânea em busca do sucesso e, paradoxalmente, de um corpo perfeito. “Assim como Lola, que precisa correr para salvar o namorado em apuros, o sujeito contemporâneo precisa correr para salvar a si mesmo”, observa Rodrigo Daniel Sanches, consultor científico do Conselho Regional de Nutricionistas 3ª Região (CRN-3). A busca incessante por um ideal de beleza, marcada pelo culto à magreza e pela disseminação de estereótipos sobre o corpo e a alimentação, cria uma pressão social que afeta profundamente a saúde física e mental das pessoas.

Segundo Gilles Lipovetsky, filósofo e sociólogo francês, em sua obra “Da Leveza: Rumo a uma Civilização sem Peso”, a sociedade contemporânea é cada vez mais permeada pelo valor da leveza, tornando-a um imperativo social, inclusive no que diz respeito ao corpo. “Os estereótipos sobre o corpo, especialmente o feminino, parecem não deixar margem para outros formatos corporais”, destaca Sanches. Essas imagens, disseminadas pela mídia e pelas redes sociais, promovem um ideal inatingível de magreza, alimentando a obsessão por dietas da moda, exercícios extremos e procedimentos estéticos.

“A determinação na busca pelo corpo magro está atrelada ao ver e ser visto”, ressalta Rosana Nogueira, presidente do CRN-3. Nesse contexto, a nutrição é muitas vezes vista como um mero instrumento de formatação corporal, ignorando sua importância fundamental para a saúde. A aversão à gordura e a obsessão pela magreza têm raízes profundas na sociedade, principalmente entre as mulheres, e precisam ser combatidas.

“É preciso compreender que a obesidade transcende a mera força de vontade individual”, destaca Nogueira. Questões econômicas, influências da mídia e problemas sociais contribuem para a complexidade desse problema. Diante da enxurrada de desinformação sobre alimentação e saúde que circula nas redes sociais e na mídia, o CRN-3 pré-lançou a campanha Nutrição Sem Estereótipos (NSE), buscando desconstruir padrões e promover uma abordagem mais saudável e equilibrada em relação à alimentação e ao corpo.

Em meio a esse debate, surge a questão: toda mulher deve ser magra? “Devemos questionar essas definições impostas pela sociedade e pela mídia”, enfatiza Sanches. A promoção de uma nutrição sem estereótipos é essencial para garantir que cada indivíduo possa desenvolver uma relação saudável com a comida e com o próprio corpo, sem ceder à pressão por padrões inatingíveis de beleza.

A NSE será oficialmente lançada no maior congresso de Nutrição da América Latina – Conbran, de 21 a 24 de maio em São Paulo e é direcionado a nutricionistas e técnicos em nutrição e dietética de todo o país.

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