Dicas

O amor nos tempos do ciberespaço

Sites de namoro e relacionamentos, blogs e chats se tornaram meios para homens e mulheres tentarem encontrar a cara-metade em qualquer parte do globo

A internet mudou a abordagem da paquera no mundo, simplificando seus limites geográficos para um simples encontro ou até mesmo para um pedido de casamento.

Paqueras na balada, no trabalho ou em qualquer outro lugar passaram a alcançar um campo de ação incrivelmente mais amplo: o ciberespaço. Sites de namoro e relacionamentos, blogs e chats se tornaram meios para homens e mulheres tentarem encontrar a cara-metade em qualquer parte do globo.

Uma pesquisa elaborada por uma universidade da Grã-Bretanha, em cinco países, mostra que o número de pessoas que acessa páginas de relacionamento cresceu 500% nos últimos 10 anos. No Brasil, de acordo com o estudo, 83% dos entrevistados que navegam nestes sites já tiveram encontros com pessoas que conheceram pela internet.

Ou seja, a web é uma ótima fonte para conhecer pessoas e criar novos laços. Contudo, é aconselhável ficar de olhos abertos para não entrar em uma roubada. Afinal, no flerte virtual, quem nunca cantou ou foi cantado/a, mas acabou descobrindo, num encontro real, que o bonitão estava mais para sapo do que príncipe? Ou que a bonitona era muito esquisita?

"Durante um ano, conversei com um homem que morava no Chile. Ele era interessante, tinha bom papo. Fisicamente se descrevia como um cara alto, bem proporcionado. Por fim, ele veio ao Brasil e marcamos um encontro. Para minha surpresa, o cara era um anão. Fiquei furiosa e chocada. Em sua defesa, ele me perguntou: ‘Se eu dissesse que era um anão, você viria me encontrar? A fúria passou. Ele era mesmo muito legal e acabamos ficando amigos, mas frustrou a minha expectativa romântica", conta a advogada Margarida Caciolla, 36 anos.

"Inscrevi-me num site de namoro gratuito e conheci uma moça que pareceu legal. Falamo-nos online por um bom tempo. Ela era de Jundiaí, interior de São Paulo, e se descreveu como alta, loira e de olhos azuis. Num sábado, peguei meu carro e viajei até lá para conhecê-la pessoalmente. A pessoa era mesmo alta, loira e tinha olhos azuis, mas era ele. Não dá para expressar toda a minha raiva naquele momento", diz Araújo Lima, 38 anos.

Em busca da alma gêmea

Se você resolveu navegar e arriscar a achar sua alma gêmea, vá em frente. Estudos apontam que, em 85% das relações, são encontradas quatro variáveis que nunca mudam: nível socioeconômico e educacional, além de religião e raça.

O que não impede opostos de se atraírem. Ao colocar seu perfil em um site de namoro, se você descrever realmente o que procura, haverá grandes chances de dar certo. Mas, para evitar ciladas e aproveitar o máximo o namoro virtual, confira as dicas dadas por especialistas em namoro na web.

  • Ao preencher o cadastro, seja criativo na sua descrição. Bom humor é sempre bem-visto.
  • Seja sincero e não receie se descrever como é. Só você é assim e esse é o seu melhor diferencial.
  • Mulheres, não esperem apenas os homens tomarem a iniciativa. Busquem perfis que agradam e entrem
  • em contato.
  • Na hora de escrever para alguém em potencial diga exatamente o que está procurando. Foco e
  • objetividade são excelentes estratégias para começar um papo bacana.
  • Não julgue sem analisar. As primeiras impressões podem estar erradas.
  • Assim como você, todos querem ver com quem estão falando. Inclua fotos e fotos extras. Os perfis com imagens são 15 vezes mais vistos.
  • Não desperdice chances! Aposte em relacionamentos divertidos a longa distância.

A paquera na web

Um levantamento realizado pela Sophia Mind, empresa de pesquisa e inteligência de mercado do Grupo Bolsa de Mulher, mostra que a busca por parceiros é uma das atividades mais importantes entre as usuárias solteiras. O estudo revelou que 47% das mulheres já conheceram alguém na rede. Para 75% delas, o contato virtual se transformou em relação, e 11% já estabeleceram mais de um relacionamento via internet.

Segundo o estudo, as grandes vantagens do relacionamento virtual são a facilidade para terminar o contato (65%) e a comodidade (26%). Porém, a desconfiança sobre a veracidade das informações trocadas virtualmente assusta mais da metade das entrevistadas (51%). Outro fator que inibe o início de um relacionamento a partir da web é um possível distanciamento entre a usuária e o novo parceiro (34%).

Os sites específicos de relacionamento são as ferramentas utilizadas por 59% das mulheres na busca do parceiro, enquanto 30% preferem salas de bate-papo. As redes sociais como Facebook e Twitter são mais utilizadas para o contato entre amigos e familiares. Apesar de 39% não ver problemas em conhecer um parceiro por meio dessas ferramentas, apenas 14% das entrevistadas declaram usá-las para esse fim.

Para Karina Dali, do Clube das Solteiras (www.facebook.com/clubedassolteiras000), procurar um parceiro na internet é mais funcional, mais objetivo. "Dizemos o que queremos e procuramos quem quer o mesmo. É diferente de quando você conhece alguém em alguma baladinha. As pessoas estão cansando de tentar decifrar as outras".

Armadilhas

Por essas e outras é preciso adaptar o jogo da conquista ao novo espaço. Saber com quem teclar e escolher pessoas que se enquadrem ao seu perfil, além de ter feeling para reconhecer qual história pode ou não sair do virtual para a vida real. Também não há regras para relacionamentos a distância darem certo ou não. Quem define isso são as pessoas envolvidas. A internet pode ser uma ferramenta boa ou ruim, dependendo de quem a usa.

Para não cair em armadilhas, o mais seguro é se cadastrar em um site sério de relacionamento. Há vários deles. O maior site nesse segmento, no Brasil, é o ParPerfeito, que existe há 12 anos e já fez 9 mil pares de sucesso, segundo seu presidente, Cláudio Gandelman.

A quantidade de usuários do site é equilibrada. "Temos 30 milhões de cadastros. Desse total, 51% são homens e 49% mulheres, na faixa etária entre 25 e 45 anos. E 400 mil novos cadastros são realizados todos os meses no ParPerfeito", afirma Gandelman. "Os sites de relacionamento funcionam bem porque, quando se tem um grande número de pessoas conectadas simultaneamente, em um único ambiente – o que não é possível em uma festa, por exemplo – aumentam as chances de se encontrar alguém especial".

Evite ciladas

  • Salve as mensagens trocadas no início da conversa para checar se a outra pessoa não está caindo em contradição
  • Um terço das pessoas cadastradas na internet é casada e só está em busca de sexo fácil. Saiba ler nas entrelinhas para não entrar numa furada.
  • Tenha uma boa conversa ao telefone antes do primeiro encontro. Só aí decida se há chances reais de envolvimento pessoal e se vale a pena o olho no olho.
  • Se você quer algo mais além de sexo casual evite apelidos como "Fogosa" ou "Gostosão".
  • Se a pessoa do outro lado sumir por duas semanas talvez esteja viajando. Se sumir por mais tempo não está interessada. Esqueça!
  • Confie desconfiando. Principalmente se a outra pessoa pergunta muito e fala pouco sobre si mesmo. Questione sempre!
  • Resolva qualquer carência antes de começar um envolvimento virtual ou você pode ser uma presa fácil para sedutores e mentirosos
  • Não minta sobre sua aparência ou idade, pois, se alguém se interessar por você, na hora do encontro isso pode ser uma grande decepção.
  • Prefira sites que contenham fotos de perfil dos inscritos.
  • Nunca dê o número do telefone da sua casa ou do trabalho, mesmo após a troca de vários e-mails. Dê só o número do seu celular.
  • Marque encontros longe dos seus lugares preferidos. Se não der certo, você corre o risco de topar com o sujeito a qualquer hora
  • O primeiro encontro deve ser durante o dia, em lugares movimentados. Conte a alguém aonde você vai. Leve sempre o celular e jamais aceite carona
  • Se a pessoa insistir em obter informações que você não queira passar provavelmente não é confiável.
  • Jamais dê dinheiro a quem pedir, mesmo que já tenham iniciado um relacionamento. Esse tipo de coisa não é aceitável

Sexo

Pessoas com mais de 55 anos são as que mais saem em encontros amorosos por meio da web. Foi o que revelou estudo inglês feito pela revista Stella, do jornal Telegraph, que questionou quase 2 mil homens e mulheres sobre o que eles esperam de um relacionamento: 91% dos homens querem alguém com senso de humor e 85% das mulheres desejam um bonitão. Metade deles disse que o maior motivo para namorar é fazer sexo. E 20% afirmaram que transam no primeiro encontro, contra apenas 5% das mulheres.

Do público acima dos 55 anos, dois terços usam serviços online de encontros, contra 20% da faixa etária entre 18 e 24 anos. Esse grupo também mostrou ser o que tem mais relacionamentos de longo prazo com pessoas conhecidas na internet. E ficou em segundo lugar entre as faixas de idade no quesito busca de sexo na internet, perdendo apenas para o pessoal entre 45 e 54 anos.

Uma pesquisa mundial da empresa Global Market Insite (GMI), que entrevistou 17,5 mil pessoas em 18 países, apontou o brasileiro como o internauta que mais usa os recursos online para conseguir sexo casual. Dos brasileiros entrevistados, 29% disseram usar a internet para esse fim, mas 32% utilizam para conseguir um relacionamento de longo prazo.

Eficácia

Os sites de encontros virtuais ocupam o segundo lugar entre as formas mais comuns de iniciar um relacionamento. Eles perdem somente para a apresentação entre amigos, topo do ranking, de acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, e divulgada pelo jornal britânico The Daily Mail. Conduzido por psicólogos, o estudo indica que os relacionamentos virtuais são vitais em uma sociedade em que os métodos tradicionais de formação de casais têm se mostrado ineficientes.

Os especialistas avaliam que os relacionamentos por meio da internet podem funcionar muito bem se os envolvidos forem realistas e sinceros enquanto se conhecem. Mas alertam que, embora os portais afirmem que os usuários podem encontrar o seu par perfeito por meio de testes científicos, não existe nenhum estudo que comprove a eficácia do cruzamento de dados feito por esses sites.

O estudo, encomendado pela Association for Psychological Science, revela ainda que o estigma social sobre os relacionamentos virtuais está desaparecendo na sociedade atual.

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