Opinião

O assistencialismo levado às últimas consequências


A presidente Dilma Rousseff (PT) aproveitou à noite de domingo, Dia das Mães, para mais uma grande ação de marketing político, em novo pronunciamento em rede nacional de televisão. O discurso: tirar mais de dois milhões de famílias que tenham crianças entre zero e seis anos da extrema miséria, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste. Ela anunciou o “Brasil Carinhoso”, um programa que se baseia em três eixos: acesso a creches, ampliação da cobertura de saúde para crianças e reforço da renda familiar.


Tudo muito nobre não fosse apenas mais um discurso longe da prática. Aliás, discurso repetido que, apesar do tempo, não passa de promessa não cumprida. Durante a campanha eleitoral de 2010, Dilma anunciou que iria inaugurar 6.427 creches até 2014. Porém, um ano e meio depois de assumir o cargo, segundo números do Ministério da Educação, apenas 411 foram feitas. Segundo contas feitas pelo jornal Folha de S.Paulo, para honrar a palavra, a presidente teria que inaugurar seis creches por dia, todos os dias, até 31 de dezembro de 2014, quando termina seu mandato. Difícil.


Chamou também a atenção a preocupação demonstrada por Dilma em seu pronunciamento à saúde das mamães e dos bebês. A Rede Cegonha, outra promessa de campanha destinada a atender gestantes no pré-natal e crianças nos seus primeiros dois anos de vida, tem reservada no orçamento deste ano R$ 196 milhões. Porém, em cinco meses só R$ 8 mil foram pagos. Ou seja, a distância entre discurso e prática é bastante grande.


Mesmo diante desses números que dificilmente ganham espaços de destaque na mídia e praticamente são ignorados pela maioria da população, o discurso carinhoso de Dilma ganha espaços. Tanto que a presidente goza de altíssimos níveis de aprovação, superiores até que de seu antecessor, o ex-presidente Lula. Ou seja, a população anda se contentando com muito pouco, deixando-se levar por promessas. Muito melhor que as práticas repetissem os discuros, que mais parecem conversa para boi dormir. Fosse assim, a preocupação demonstrada pela presidente neste dia das mães se refletiria diretamente em um Brasil mais justo e humano. Talvez até mais carinhoso.

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