Primeiro foi o rádio, que nos anos 40 assombrou os editores dos jornais botando a prova o falecimento deste veículo em detrimento ao aparecimento da tal caixinha valvulada. Felizmente, tantos linotipistas, “pestapeiros”, jornalistas, gráficos e afins permaneceram em seu emprego e estão até hoje, graças a Deus!
Mais adiante, povoou o imaginário dos profissionais do rádio, a possibilidade de ficar no olho rua por conta da invenção da televisão. Os atores de cinema sentiram o drama na própria pele quando apareceu um tal de cinema; seria o fim? Vamos fazer um teatro de rua? Nãããããããããão!
Pouco depois foi a vez do videocassete que ameaçou empurrar o cinema para o limbo. Até que algumas espeluncas fecharam – seleção quase natural – e, é bem verdade, teve um baque mais forte com a entrada do DVD e o golpe de misericórdia com o tal do Blue Ray… Nesse meio, as videolocadoras apanharam da TV por assinatura e o videocassete jazeu uma luzinha acesa no rack da sala, ressuscitado aos poucos por DVDs de formatura e casamento. Se bem que existem ainda muitos e bons cinematógrafos (dizia o meu vô Santiago).
Os embates são antigos e podem ter existido entre a flecha e o revolver, a espingarda e a pistola, o fósforo e o isqueiro, e outras coisas mais sérias. Mas hoje circulam fortemente discussões que envolvem a disputa entre Youtube X Televisão, quem diria; Internet X Jornal Impresso e o mais curioso entre o Livro Impresso X e-book, este um pouco mais próximo de nós.
Acredito que Mãe Diná já deve ter sido consultada para dar o seu prognóstico: quanto tempo durará o livro impresso? 5, 10, 15 anos? Dias, meses? Eu arrisco a dizer que estamos preocupados com o copo e não com a água. Das perturbações à boa ordem da comunicação e da arte descritas por nós acima, é possível perceber que os veículos foram alternando-se mas, tudo em benefício dos passageiros, isto é, tanto a comunicação, neste caso a informação, o conhecimento e a arte/entretenimento nunca pararam. Antes no teatro, depois no cinema, na TV, no rádio, no Youtube e onde mais quiser. Com o livro é a mesma coisa, pouco importa se ele será lido num palimpsesto (pergaminho que se escreve sobre ele), uma tábua de madeira, um livro de papel ou no tal do e-book, importa que a comunicação chegue ao destino.
Por outro lado, todas as empresas que atuam com os livros impressos, já estão adaptando-se a esta nova realidade tendo, portanto, o livro impresso para algumas ocasiões e o livro digital para as demais.
Convenhamos, livro é o máximo. Livro é algo delicioso. Há uma experiência tátil, olfativa muito especial e tem uma energia inexplicável, contagiante, prazerosa. Já um livro digital tem a capacidade de ser pequeno e reservar nele vários outros livros, que é uma vantagem para quem não tem saco de continuar naquela narrativa chata ao estilo do Grey dos Cinquenta Tons que demora 40 páginas para se livrar de três botões! A leitura é algo para se acostumar usando os e-reeders existente por aí (Ipad, Kobo, Kindle, Iphone…), mas a experiência vale a pena, principalmente para todo aquele que não tem a alma pequena.
Que venha o e-book.
Jacques Miranda, 49, é escritor e membro da Academia Guarulhense de Letras.