Paulo César Saraceni é sempre lembrado como um dos autores fundamentais do Cinema Novo, que antecipou com seu documentário de curta-metragem, de 1959, Arraial do Cabo. Estreou na ficção com Porto das Caixas, em que Irma Alvarez é impressionante, mas o filme tem uma narrativa meio desconjuntada. Em 1965, fez O Desafio, muito importante pelo olhar sobre a realidade brasileira após o golpe no ano anterior.
O Desafio é a atração do Canal Brasil, às 13h40 desta sexta, 26. Oduvaldo Viana Filho é o protagonista. Faz um estudante de esquerda que se envolve com a mulher de um rico empresário – Isabela, na época, casada com o diretor. O filme expõe a traição da burguesia industrial. É considerado apologia do amor transcendendo a luta de classes. Há que relativizar.
Na cena-chave, Vianinha leva Isabela num passeio ao seu mundo. Terminam numa casa em ruínas – a representação do Brasil segundo Saraceni? O clima de contestação é realçado por imagens do histórico show Opinião. O Desafio dialoga com O Bravo Guerreiro, de Gustavo Dahl, de 1968 – que é melhor.
Saraceni fez depois a adaptação de Lúcio Cardoso, A Crônica da Casa Assassinada. Seu cinema tornou-se cada vez mais irregular, mas nunca deixou de ter seus defensores.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>