Opinião

O dia seguinte à tragédia

Passada a consternação inicial diante das vítimas do massacre na escola pública do Realengo, no Rio de Janeiro, que culminou com a morte de 12 adolescentes e do próprio matador, vem o momento das autoridades, dos mais diferentes níveis da administração, pararem para refletir sobre essa triste novidade para a violência no Brasil. Até esta semana, ninguém em sã consciência poderia imaginar que uma barbaridade como esta poderia ocorrer no Brasil. Era apenas uma coisa distante, hollywoodiana, que a gente via no cinema e na tevê. Agora, entrou para a nossa vida.


 


Nesses momentos, é natural que a sociedade procure encontrar culpados, motivações políticas, ideológicas, religiosas para justificar o ato de alguém que decidiu praticar a barbárie. Por mais que seja praticamente impossível acreditar que a tragédia poderia ser evitada, é necessário sim olhar para o lado e perceber que muita coisa está fora da ordem. Não dá para esperar que todas as escolas brasileiras ganhem, na noite para o dia, esquemas de segurança – sempre falíveis – que incluam porteiros, vigias, detectores de metais, como se esse tipo de ação pudesse evitar a tragédia.


 


Mas uma coisa a sociedade pode fazer sim. Exigir que os agentes de segurança pública de todo o país, desde a União, passando por estados e municípios, estabeleçam uma verdadeira guerra às armas. E não adianta ser hipócrita em achar que bastam algumas campanhazinhas inocentes de desarmamento, com ações educativas ou retirando os artefatos de colecionadores. Precisa muito mais. O problema é muito maior e profundo.


Implica no combate aberto às quadrilhas especializadas no tráfico de armas. E, neste sentido, estende-se a uma guerra de verdade, não apenas ações de marketing, contra o tráfico de drogas tanto nos morros cariocas, como nos arredores de nossas escolas. Ou alguém tem dúvidas que nossos estudantes são mortos todos os dias quando recebem facilmente um “inocente” cigarro de maconha ou uma pedra de crack na rua ao lado ou na pracinha do bairro?


 


Chega de fechar os olhos para os verdadeiros problemas que assolam a sociedade. Precisa energia e vontade política para acabar com os verdadeiros males que conspiram contra a vida. São coisas que não matam apenas 12 ou 13 em um dia. São muitos inocentes morrendo sob nossos olhos. E sem qualquer consternação.

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