Em 1962, o Brasil recebeu sua única Palma de Ouro no Festival de Cannes, e foi pela transcrição da peça O Pagador de Promessas, de Dias Gomes, por Anselmo Duarte. A tragédia de Zé do Burro! O Cristo terceiro-mundista, Leonardo Villar entrando na igreja, amarrado à cruz, nos braços do povo. Naquele ano concorriam grandes diretores, entre eles Michelangelo Antonioni, com o fecho da sua famosa trilogia da solidão e da incomunicabilidade.
O Eclipse é a atração desta quinta, às 13h, no Telecine Cult. Três anos antes, Antonioni fora vaiado em Cannes com A Aventura. Pouca gente avalizou que ele estava iniciando uma das revoluções estéticas mais importantes do cinema. Na sequência vieram A Noite e O Eclipse. Três filmes que formavam um bloco de extraordinária coerência.
Os temas dos casais héteros, a crise dos sentimentos. Piero e Vittoria em O Eclipse – Alain Delon e Monica Vitti vivem uma ligação sem futuro. No final, a câmera percorre os locais agora vazios onde ambos se amaram. O eclipse da humanidade? O Eclipse dividiu com outro filme exigente – O Processo de Joana DArc, de Robert Bresson – o prêmio especial do júri de Cannes naquele ano. Entre os seus integrantes, estavam o escritor Romain Gary e o diretor François Truffaut.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>