Opinião

O erro de se estimular a guerra santa

A desastrada abertura do megatemplo da Igreja Mundial do Poder de Deus, no último dia 1º, devido a um grave erro cometido pela adminsitração municipal que conceder o alvará de funcionamento a um empreendimento sem a devida preocupação com as consequências, ainda merece grande atenção da sociedade. O HOJE deixou clara sua posição em defesa dos cidadãos, entendendo que os responsáveis pela igreja, apesar de subestimar oficialmente o número de fiéis que iriam ao local, cumpriram seu papel legal ao requerer e obter a autorização para a abertura.


No entanto, ficou evidente uma série de problemas decorrentes do primeiro erro. A superlotação do templo, fora os congestionamentos, concorreu para uma série de fatores que acabam por denegrir a imagem desta instituição religiosa. As centenas de comentários postadas no site GuarulhosWeb e nas redes sociais demonstram que a maior parte da população condenou a liberação do funcionamento, sem que fossem tomadas as devidas precauções. Também pesou o direito de ir e vir das pessoas que não têm ligação alguma com a igreja.


Neste sentido, a Polícia Rodoviária Federal e a CCR NovaDutra, a concessionária que administra a rodovia Presidente Dutra, condenaram a atitude da Prefeitura em conceder o alvará de funcionamento. Assim, numa ação que se espera dos poderes públicos responsáveis, a PRF foi ao Ministério Público para que a liberação de funcionamento seja cassada imediatamente, já que há um grande evento marcado para a próxima sexta-feira. Já a Prefeitura, sem dizer como, só informa que fará todo o possível para evitar novo caos.


Porém, o responsável pela Igreja Mundial, de forma até irresponsável, anda dizendo em suas pregações na TV que tem todo o direito de fazer o que quiser em seu templo, jogando seus fiéis contra adeptos de outras religiões, numa tentativa de levar para outro campo o debate. Ele erra ao tentar criar uma espécie de guerra santa no momento em que apenas se quer preservar o direito das pessoas de bem, incluindo os milhares de fiéis daquela igreja, que – na primeira ocasião – ficaram privados até de atendimento médico, fora os riscos que correram por ficarem confinados em um galpão sem qualquer infraestrutura. Não se discute neste momento que “deus” está certo. Mas o que existe de errado, no sentido de se preservar a vida.

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