O Estranho Que Nós Amamos em dose dupla

É preciso agradecer à TV paga – ao Telecine Cult -, que, neste sábado, 11, programou um duplo com as duas versões de O Estranho Que Nós Amamos. A original, de Don Siegel, de 1971, com Clint Eastwood, passa às 20h05. O remake, de Sofia Coppola, de 2017, com Colin Farrell, às 22h.

Siegel foi um grande diretor de ação. Esculpiu a persona de Clint como durão no cinema dos EUA. Eram detestados como porcos chauvinistas pelas feministas. Com The Beguiled (título original), desconcertaram. Clint, como soldado ferido na Guerra Civil do século 19, busca abrigo num internato de garotas. Desperta desejos reprimidos. O filme encerra-se por uma castração simbólica. Tem algo de Luis Buñuel, e aliás é contemporâneo de Tristana, de 1970. Vale acrescentar que Siegel, nascido numa família judaica de Chicago, foi educado por jesuítas.

A versão de Sofia põe o foco nas mulheres, que são mais racionais. Nicole Kidman, Kirsten Dunst e Elle Fanning estão no elenco. Seu soldado é mais vulnerável do que Clint. Siegel joga com o horror – Geraldine Page é sinistra como a diretora da escola. Sofia esculpe relações perigosas entre os gêneros (homem e mulher, guerra e melodrama noir). O filme venceu o prêmio de direção em Cannes.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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