Erotismo e fé parecem se fundir na descrição de êxtase religioso apresentada pela psicóloga Claudete Ribeiro, em estudo publicado num livro sobre o escultor renascentista Gian Lorenzo Bernini. O livro, intitulado “Bernini, o êxtase religioso”, foi escrito pela professora-titular de Artes da UNESP, Neide Marcondes.
Em seu estudo sobre este tipo de êxtase, Claudete se baseia nas esculturas do artista italiano. Para ela, trata-se de um “estado emocional de arrebatamento íntimo, apresentado como um transporte de exaltação mística que leva a pessoa a fundir-se numa gloriosa comunhão com outra, sendo possuída por uma força, experimentando um transe que a levaria para junto de uma divindade, por meio de uma celestial loucura, revelando uma maneira deleitosa de obter prazer”.
De fato, há uma forte conotação erótica nas peças de mármore esculpidas por Bernini. O Portal da História classifica o artista como “o maior escultor do século XVII”. Foi Bernini quem encerrou o ciclo dos gênios de valor universal nascidos em Itália, informa a Enciclopédia Britânica.
Seu talento, colocado a serviço da então todo-poderosa Igreja Católica, como acontecia com todo grande artista, serviu a oito papas. Sempre acatando a decisão do Concílio de Trento, ocorrido entre 1545 e 1563, de colocar a Arte Religiosa a serviço da propaganda da doutrina da Igreja Católica.
No período em que trabalhou sob a proteção do papa Urbano VIII, Bernini montou uma enorme peça ornamental, “O baldaquino”, no interior da Basílica de São Pedro,
Oswaldo Coimbra é jornalista e pós-doutor em Jornalismo pela ECA/USP
