Opinião

O futebol brasileiro em xeque

         Em que pesem os méritos da equipe do Santos em disputar a final do Campeonato Mundial de Clubes, promovido pela Fifa, no último domingo, no estádio de Yokohama, no Japão, contra o excelente time do Barcelona, a impressão que ficou é de que o futebol brasileiro, uma das maiores paixões desta população, andou para trás. Trata-se de um fenômeno que vem se repetindo ao longo de várias disputas internacionais.


Apesar do pentacampeonato mundial conquistado pelo Brasil quase dez anos atrás, nossa Seleção vem colecionando uma série de fracassos, tanto nas Copas como nos torneios continentais. As equipes, por sua vez, apesar de terem ganho as últimas Libertadores da América, fizeram feio no Mundial. Ano passado, o Internacional de Porto Alegre naufragou ainda na semifinal contra um desconhecido time africano e, neste, foi o vexame proporcionado pelos comandados de Muricy Ramalho, na goleada sofrida.


Muita gente não gosta de relacionar futebol e política. Mas o naufrágio do esporte bretão encontra justificativas nas más gestões – para não dizer escandalosas administrações – das principais federações do esporte, a começar pela CBF, que tem um presidente envolvido em uma série de escândalos, mas que se mantém no poder com as bênçãos das mais altas autoridades políticas do país. Não é de hoje que o futebol, tirando a paixão incondicional das torcidas, cheira mal, numa evidência podridão.


 Nos clubes, tirando poucas exceções, não é diferente. Dirigentes mal intencionados que procuram tirar proveito próprio dos postos que ocupam, como se fossem os donos dos clubes. Vez ou outra, quase que por exceção, surge uma alma boa que procura projetar seu clube a partir de uma gestão profissional. Mas quase que por uma maldição geralmente esses caem por não fazerem o jogo dos espertalhões.


Por tudo isso – e muito por culpa da mídia também, que procura vender ilusões – a derrota do Santos no domingo não é um fato isolado. É apenas o retrato da desordem que se espalha no país nas mais diferentes áreas. Infelizmente, o futebol – um dos poucos motivos que ainda alegram o brasileiro – se tornou motivo de vergonha perante todo o mundo. Necessário se reerguer. Não só chutando a bola para a frente. Mas, principalmente, parando para rever nossos conceitos.

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