Mundo das Palavras

O macaco Simão está certo

A crônica é uma criação brasileira. Um gênero que trata dos assuntos do momento com leveza e estilo, por isto se situa nos limites da Literatura com o Jornalismo. Foi criado pelo nosso Jornalismo como espaço dentro de uma página impressa no qual a mente do leitor pode repousar um pouco, depois de se estressar, sobretudo, com as notícias da Política, da Economia, e da Polícia. Na fase atual atravessada pelo país é uma dádiva reservada ao eleitor nauseado com a imensa quantidade de dados destas três áreas citadas despejadas diariamente sobre ele por jornais, rádios e emissoras de tv, na campanha eleitoral em transcurso.
 
O horário político obrigatório incorporado às grades de programação dos meios de comunicação infelizmente não tem buscado o belo objetivo com que foi oficializado: o de propiciar uma oportunidade de o eleitor conhecer candidatos sem recursos, mas preparados e bem intencionados. Tornou-se de uma chatice sem fim. E o que é pior, contaminou a cobertura dos repórteres e dos comentaristas políticos tornando-os igualmente enfadonhos.
 
Por isto, neste panorama desanimador, brilham a inteligência e o talento de José Simão. O cronista da Folha de São Paulo se mantém, neste instante, dentro do status original que conquistou, na História do Humor Impresso no Brasil. É impossível encontrar quem tenha-lhe ombreado em permanência e qualidade no que se refere à produção humorística, por mais distante que se vá  na busca de outro jornalista-artista como ele, dentro do passado dos jornais impressos em nosso país. Ninguém, além dele, se manteve engraçado e irreverente, por 27 anos seguidos, em publicações quase diárias de crônicas. Nem o Barão de Itararé, nem Stanislaw Ponte Preta, nem a equipe de gênios do Pasquim.
 
Macaco Simão – denominação que ele mesmo se deu, sem nenhuma autopiedade – é, agora, a mais útil instituição da cultura nacional. A única capaz de nos alegrar, nesta campanha eleitoral, com sua arrasadora iconoclastia anarquista.  Não há falsa seriedade programada por marqueteiro esperto que resista às suas metáforas fulminantes. Dedicadas, sobretudo aos três mais importantes candidatos na disputa da presidência da República. Dilma, é para ele apenas um “Kung Fu Panda”, Marina, um “cipó de terninho”. E a Aécio ele brinda com outra comparação. Tem “cara de porteiro da Daslu”, diz.
 
Depois de o trio oferecer sua xaropada durante o debate promovido pela CNBB, no dia seguinte, Simão exigiu: “Agora tem que ter debate no Templo de Salomão, no Gantois, na sinagoga e aos pés de Buda. E na benzedeira aqui perto de casa”. 
O Macaco Simão está certo.                   
 

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