Ao lançar sua nova política industrial na terça-feira, a presidente Dilma Roussef confirma que o PT não é mesmo do ramo. Chamar a colcha de retalhos de pacote de bondades é o mesmo que ignorar a inteligência da população. Sem qualquer planejamento, as medidas anunciadas tendem a naufragar em muito pouco tempo. E é muito fácil explicar. O PT chegou e tenta se perpetuar no poder à base de uma série de direitos que se propagam como se não houvesse mais nada.
Entretanto, a vida é feita de direitos e deveres. Existem obrigações que são deixadas de lado por esse governo que está aí que acabam por penalizar toda a nação. É impossível ficar anos e mais anos só fazendo concessões. Alguém tem que pagar a conta. E esse alguém é justamente o setor produtivo, responsável por girar esta potência chamada Brasil. Agora, vendo que a situação está se tornando insustentável, o governo tenta – sem saber como – adotar umas medidazinhas paliativas que não resolvem os verdadeiros problemas no país. O PT faz o que sabe fazer: empurrar com a barriga aquilo que não consegue apresentar solução.
No discurso de terça-feira, Dilma deu um verdadeiro atestado de incompetência ao afirmar que estabeleceu uma série de medidas que serão testadas. Ora, um governo que se preza não pode fazer testes com o setor produtivo. Antes de implantar qualquer coisa, é fundamental um amplo estudo de causas e conseqüências. Sem isso, são chutes no vazio. Pode dar certo como pode dar errado. E se o país naufragar, quem paga a conta é a indústria nacional, já sacrificada por uma série de impropérios administrativos, que passam pela desvalorização do dólar, alta carga tributária, infraestrutura capenga que impacta o custo de produção e um Estado perdulário que sobrecarrega todo o resto da economia.
O PT não entende que a crise que afeta a indústria nacional passa diretamente pela alta eficiência de nosso maior concorrente, a China, que importa commodities brasileiras a uma média de trinta centavos de dólar a tonelada e depois exporta para cá um mix de produtos, que chegam a 32 dólares por tonelada. É impossível conseguir equilibrar a balança comercial com tamanha perda. O erro do governo brasileiro está na definição dos conceitos de importação e exportação. Enquanto isso persistir, esse pacote de bondades não passa de mais uma falácia patrocinada pela companheirada, que está fazendo a indústria nacional ser engolida dia após dia.
Carlos Roberto de Campos
Empresário, deputado federal e presidente do Diretório Municipal do PSDB, escreve às sextas-feiras nesta coluna.