O público paulista, além do paulistano, terá um panorama da cena teatral brasileira a partir deste sábado, 9. É esta a ideia do Festival Palco Giratório, que, em sua 17ª edição, ocupa 15 unidades do Sesc (11 na capital e as de Osasco, Santo André, São Caetano e Sorocaba) com 21 espetáculos. Entre as atrações, teatro adulto e infantil, teatro de rua, circo e espetáculos de dança.
“Observamos a qualidade técnica e o uso da linguagem”, explica Carolina Garcez, uma das curadoras da mostra. O evento parte do departamento nacional do Sesc que, para obter o panorama nacional, divide a curadoria com os departamentos regionais de todos os Estados e do Distrito Federal. “Queremos contemplar espetáculos que tenham algo diferente, que questionem as linguagens, que tragam novas maneiras de se fazer a arte cênica”, diz ainda.
Segundo Carolina, as atrações selecionadas viajam pelo País todo. Ainda que um Estado não concentre as apresentações em um festival como o de São Paulo, os artistas visitam todas as unidades da federação ao longo do ano.
Um diferencial em relação às outras edições é a aposta no circo. Pouco visto nas programações recentes, o gênero é representado por três espetáculos. Um deles é Homens de Solas de Vento, da Companhia Solas de Vento, única representante paulista do festival. Já visto na cidade, o enredo mostra dois viajantes que, prestes a embarcar, são retidos na aduana. E, por causa disso, têm de viver em um saguão de aeroporto, respeitando as diferenças entre suas culturas. Para tal, mesclam teatro, dança e, claro, técnicas circenses.
O festival é, também, uma boa oportunidade para ver espetáculos que, por uma questão geográfica, dificilmente viriam a São Paulo. É o caso de Solamente Frida, da acriana Companhia Garotas Marotas. No palco, um casal de atores aproxima a artista mexicana do público, expondo momentos reconhecíveis de sua vida, como os limites do corpo, a luta pela vida e a entrega visceral às paixões.
No campo da dança, a Dançurbana, de Mato Grosso do Sul, relembra coreografias conhecidas em Plagium?. O grupo faz recortes de obras de companhias como a goiana Quasar e a catarinense Cena 11 para questionar a singularidade na dança.
Homenagem
Ainda na arte do movimento, o festival reverencia a bailarina e coreógrafa Angel Vianna. Viúva do também bailarino Klauss Vianna (1928-1992), a artista mineira ajudou a introduzir a dança contemporânea no Brasil.
Aos 85 anos, Angel segue dançando e apresenta Qualquer Coisa a Gente Muda, coreografia criada por João Saldanha em 2010, em homenagem à carreira da bailarina. “Eu nunca parei de dançar”, garante Angel. “Danço como posso. A idade aumenta e eu vou descobrindo novos movimentos”, comenta.
A bailarina apresentou o espetáculo apenas uma vez em São Paulo, em 2011. Ao lado de Maria Alice Poppe, ela mostra que, naturalmente, não dança mais como antes, mas não perdeu o gingado. “João (Saldanha) percebeu como poderia trabalhar comigo, com meu sentimento e minha situação corporal. O espetáculo não trata do que eu fazia, e sim do que eu faço hoje em dia”, acrescenta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.