Estadão

O País tem tudo para ser um hub de inovação

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, diz que o leilão do 5G permitirá ao Brasil se preparar para se tornar um "hub de inovação" na América Latina. Em entrevista ao <b>Estadão</b>, o ministro afirma que a tecnologia vai impactar gradualmente o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) a partir do ano que vem. O primeiro setor atingido, segundo ele, será o agronegócio.

De seu gabinete no Palácio do Planalto, o ministro, deputado licenciado pelo PSD do Rio Grande do Norte, alerta que o governo possui alternativas para pagar os R$ 400 de Auxílio Brasil planejados por Bolsonaro, como abrir crédito extraordinário ou editar um decreto de calamidade, caso a PEC dos precatórios seja derrotada.

<b>O leilão do 5G demorou bastante a ser realizado. Que prejuízos o Brasil pode ter com isso? </b>

Muitos países já têm a tecnologia, mas o Brasil será o primeiro da América Latina. Isso nos dá uma dianteira importante. Fizemos em tempo recorde, em 15 meses colocamos o leilão em pé.

<b>O 5G vai se refletir em custos maiores para os consumidores ou essa ampliação da disputa no mercado vai compensar? </b>

Não houve aumento de tarifas em nenhum país por causa do 5G. Há uma economia, o consumo é menor, a antena é menor, a implementação é mais barata, e as teles ganham muito dinheiro. O valor, para o cliente normal, não vai ter aumento.

<b>Que crescimento econômico podemos esperar?</b>

Temos que parar para pensar, a partir do próximo ano, para rever o nosso PIB. O agronegócio a gente estima que cresça pelo menos 10% com o 5G. Se crescer, a gente vai colocar 2,6% do PIB, só no agro.

<b>Que tipo de modelo de negócios podemos ter para telemedicina, carros autônomos, agro e indústria 4.0? </b>

O aumento de velocidade já falamos em até 100 vezes. A grande diferença é a latência, o tempo de resposta. O 4G não permite telemedicina, veículos autônomos, drones autônomos, nada que precise de precisão no tempo de resposta. Com o 5G vamos ver muito nas ruas carro sem motorista, ônibus escolar autônomo, conserto de um trator no meio da lavoura, com óculos de realidade aumentada. Um país analógico fica para trás. O Brasil tem tudo para ser um hub de inovação.

<b>O 5G é um salto tecnológico comparável a quê? </b>

A chegada da internet foi um marco grande, mas era muito lento e pouca gente tinha acesso, computador enorme, caro… A chegada do celular foi muito marcante, e a chegada do 5G vai ser quase igual a isso. Tive apoio do governo. Tive apoio do ministro Paulo Guedes, que poderia pleitear um leilão arrecadatório. Se fosse arrecadatório, resolveria o problema do financiamento do Auxílio Brasil. Ainda bem que separamos isso lá atrás.

<b>Separou, mas não solucionou. O governo dependeu de quatro votos da oposição para aprovar a PEC dos precatórios. </b>

A discussão é a forma. A decisão de dar R$ 400 de auxílio está tomada. Se não for via PEC, vai ser via crédito extraordinário ou vai ser, como o próprio (ex-presidente Michel) Temer sugeriu, a calamidade. Tem 20 milhões de pessoas passando fome. Aí o Lula posta que, se fosse ele, faria em R$ 600. É uma discussão mais política, mas, se não for via a PEC dos precatórios, vai ser via crédito extraordinário.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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