Nos últimos dias tem circulado na internet uma notícia dando conta de que um clima de caças às bruxas se instalou na redação da Rede Globo de Televisão. Isso teria acontecido por causa do vazamento de uma informação sigilosa, de que membros da alta cúpula da emissora estariam preparando uma campanha para desestabilizar o novo ministro da Defesa, Celso Amorim.
De acordo com vários blogs, entre eles o do competente jornalista Luis Nassif, até os editores e apresentadores do Jornal Nacional, William Bonner e Fátima Bernardes, teriam sido excepcionalmente convocados para trabalhar em um fim de semana – o que teria culminado com a leitura de uma carta de princípios éticos da emissora no Jornal Nacional.
É triste saber que a maior emissora do País planejava – conforme relatos de fontes internas da própria TV – executar um plano de produzir pautas para sustentar a tese de que a escolha de Amorim geraria descontentamento entre os militares, com o simples propósito de criar um cenário de instabilidade institucional para fragilizar a Presidenta Dilma.
Cabe recordar que a TV Globo foi uma das emissoras que mais apoiou o regime militar. Seu dono, o senhor Roberto Marinho, e suas organizações cresceram durante os anos de chumbo no Brasil. Há alguns anos até tentaram fazer um mea culpa após a vitória de Lula, mas parece que não conseguem fugir de sua essência conspiradora e de seu triste passado.
Enquanto esteve à frente das Relações Exteriores, Celso Amorim provou que a política subserviente do ex-presidente FHC estava errada. Com Amorim na diplomacia, o Brasil se afastou da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), aproximou-se do Cone Sul, construiu relações políticas e econômicas com dezenas de países e se tornou respeitado. Hoje a crise está do outro lado das nossas fronteiras, em locais antes inimagináveis, enquanto grandes transformações estão em curso aqui .
Ocorre que a direita e uma boa parcela da velha mídia, que se acostumaram a ver o Brasil de joelhos para os EUA, ainda não conseguem assimilar esse novo papel no cenário internacional. A escolha de Dilma por Amorim não poderia ter sido melhor. Com sua capacidade e conhecimento, ele reestruturará as Forças Armadas e implantará uma estratégia de Defesa mais independente, necessária para fazer frente aos desafios de um mundo em constante transformação social e ambiental.
Passou da hora da velha mídia também mudar seus alinhamentos ideológicos conservadores. O País não quer mais andar para trás, nem quer mais ser um local para poucos privilegiados.
José Luiz Guimarães
Vereador (PT) e líder do Governo na Câmara. Escreve às quintas-feiras nesta coluna