O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou um “novo dia” para as relações do seu país com Cuba, mas reconheceu que existem “sérias diferenças” entre as duas nações, em uma coletiva de imprensa com o presidente cubano Raúl Castro, durante a visita do líder norte-americano à Havana.
Ao lado de Obama, Castro disse que o embargo econômico dos EUA contra Cuba e a contínua presença dos americanos na base naval da Baía de Guantánamo permanecem impedimentos para uma normalização completa das relações entre os países. “Existem profundas diferenças entre nossos países que não vão acabar”, disse Castro.
Obama fez críticas à democracia de Cuba e seu histórico sobre direitos humanos. Castro rebateu, dizendo que seu país acredita que os direitos políticos, econômicos, sociais e culturais são universais. Durante uma rodada de perguntas dos jornalistas, Castro negou que Cuba detenha prisioneiros por razões políticas. “Me dê uma lista, e eu os liberto imediatamente”, disse.
O líder cubano se recusou a responder uma pergunta sobre qual era sua preferência entre o candidato republicano à presidência dos EUA, Donald Trump, e a candidata democrata, Hillary Clinton. “Eu não voto nos EUA”, disse.
Castro ainda afirmou que seu governo deposita uma ênfase diferente sobre uma série de direitos humanos, assegurando ao seu povo saúde e educação gratuitas, enquanto restringe atividades de pessoas que considera agentes dos EUA que atuam para desestabilizar o governo.
Os cubanos expressaram surpresa ao ver Castro responder as perguntas dos jornalistas – um acontecimento raro, que foi transmitido ao vivo na TV estatal da ilha.
“Isso é história pura e eu nunca pensei que veria isso acontecer. É difícil assimilar rapidamente o que está acontecendo por aqui”, disse a engenheira cubana Marlene Pino, 47. “Para mim, ver isso é algo extraordinário”, disse.
Sobre o embargo, Obama disse que acredita que as restrições impostas pelos EUA vão acabar, mas que não pode adiantar quando isso vai acontecer. O presidente americano disse que o fim do embargo vai se concretizar, porque a imposição “não serve aos interesses dos EUA ou do povo Cubano”. (Matheus Maderal, com informações da Associated Press e da Dow Jones Newswires – [email protected])