Mundo das Palavras

Obama se curva para agradecer à Maya

Barack Obama se curvou diante de Maya Angelou, quando lhe conferiu a mais alta honraria reservada aos civis nos EUA, a Medalha Presidencial, em 2011. Aos 83 anos de idade, ela já não conseguia se manter de pé. E, em 2014, morreu. Naquela ocasião, Obama revelou que sua mãe, a antropóloga branca Ann Dunhame, deu à única meia-irmã dele o nome de Maya, em homenagem a ela.  
 
Mas, conferir medalha não era suficiente tratando-se de Obama na sua relação com Maya. Na  verdade,  nem com medalha, nem com outra homenagem convencial, Maya poderia ser retribuída à altura pelos bens culturais e valores que deixou aos norte-americanos. De quem, aliás, quando criança e jovem, muitas vezes, recebeu desprezo e maltratos. 
 
Menina negra de St.Louis, ela foi estuprada, pelo namorado de sua mãe, aos 8 anos de idade. Um tio seu matou o estuprador. O que lhe aumentou ainda o trauma. Levando-a a perder a fala. Durante cinco anos, Maya permaneceu muda.  
 
Quando completou 17 anos, era mãe solteira. E chegou a se prostituir para sobreviver. Mas, aos poucos, foi encontrando forças para se reerguer, sozinha. De início, com trabalhos pesados: de motorista de ônibus, funileira, cozinheira. A partir desta fase, no entanto, começaram a se manifestar nela os mais surpreendentes talentos.  Tornou-se dançarina,  cantora, e, atriz. Já era jornalista, quando empreendeu viagem a Gana. De volta, passou a escrever obras autobiográficas, romances, peças de teatro, ensaios, livros infantis, roteiros para Tv e Cinema, inclusive o do filme "Georgia, Georgia", de Stig Björkman. 
 
Em Hollywood outra conquista: foi a primeira afrodescendente a dirigir filmes. E, em 1971, estreou como poeta. Firmando-se, depois, com novos livros. 
 
Em 2001, esta ampla produção artística tinha lhe rendido  a mais importante medalha das Artes dos EUA, dada a ela pelo presidente Bill Clinton. Maya havia gravado 5 discos, escrito 9 livros autobiográficos, 23 obras de Poesia, 7 peças de Teatro, 15 roteiros de filmes e programas de TV. Atuara como atriz em 11 filmes e peças, criara 5 “álbuns de palavra falada”, e, produzira 11 livros de Culinária. E ainda lecionava História em faculdades. 
 
O que coube a Obama agradecer à Maya era outro tipo de legado também deixado por ela. Pois, Maya esteve junto com Martin Luther King e Malcolm X na linha de frente das batalhas pelos direitos civis dos afrodescentes, nos anos de 1960. Sem as quais, Obama não estaria no seu cargo.
 
Por isto, depois de se curvar para a entrega da medalha, Obama, respeitosamente, beijou o rosto de Maya. Pareceu pouco. 
      
 

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