O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Richmond, Tom Barkin, afirmou nesta quinta-feira, 3, que a leitura da inflação vista no mês passado "foi boa" e acrescentou esperar que ela "seja um sinal" para o futuro. Ele ressaltou que o objetivo do Fed "não é causar uma recessão", mas reduzir a inflação, ainda "muito elevada", para a meta de 2%.
As declarações foram dadas em discurso na Câmara de Comércio do condado de Montgomery, em Blacksburg, Virgínia.
Sem direito a voto nas decisões de política monetária deste ano, Barkin disse que uma lição dos anos 1970 é que, caso a inflação não seja controlada, ela retorna mais forte.
O dirigente notou que uma recessão ainda não ocorreu nos EUA, ao contrário de previsões anteriores, com o PIB ainda "sólido", e disse também que o mercado de trabalho "continua notavelmente resiliente", enquanto os consumidores continuam a gastar. Há poupanças do período da pandemia que ainda apoiam gastos, e a queda nos preços de gasolina colabora, notou, acrescentando que os gastos do consumidor perderam algum fôlego, mas ainda estão "longe de fracos".
Barkin afirmou também que o esforço para conter a inflação, necessário, já leva alguns segmentos da economia a "mini recessões", com desaceleração em setores mais sensíveis aos juros, como o imobiliário e o industrial. O setor imobiliário comercial está especialmente pressionado, apontou. Houve turbulências em bancos, mencionou ainda. "Mais desaceleração está quase certamente no horizonte", afirmou, lembrando que programas de apoio fiscal da época da pandemia estão acabando e que há um atraso nos efeitos das decisões da política monetária.
O presidente do Fed de Richmond disse haver uma "versão plausível" de que a inflação se normalize em breve e que a economia evite "trauma adicional". Ele lembra que tem havido muitas declarações sobre um potencial "pouso suave" na economia, e enfatizou que o objetivo do Fed não é provocar uma recessão, mas sim levar a inflação à meta. E mencionou que contatos dele em empresas dizem que, se houver recessão, ela deve ser "menos severa".