O corredor de ônibus da Radial Leste começará a ser construído em outubro, assim como o da Avenida Aricanduva, na zona leste de São Paulo. A informação foi divulgada nesta quarta-feira, 10, pelo secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto. O da Radial terá 17 km e será um dos primeiros BRTs da cidade. As obras serão concluídas em 2016.
A intervenção está prestes a ser contratada pela gestão Fernando Haddad (PT) e foi herdada de Gilberto Kassab (PSD).
Com faixas para ultrapassagem dos ônibus e paradas maiores do que as dos corredores atuais, o BRT (sigla em inglês para transporte rápido por ônibus) da Radial Leste deve atrair parte da demanda da Linha 3-Vermelha do Metrô, a mais lotada do sistema, pois será paralelo ao ramal metroviário, que transporta, em média, 1,49 milhão de usuários por dia.
Diferentemente dos nove corredores em superfície já existentes na capital, o BRT da Radial terá cobrança de tarifa desembarcada, ou seja, os passageiros não precisarão girar as catracas nos veículos, mas fora, o que permitirá maior agilidade no embarque, reduzindo filas e espera no ponto. No Expresso Tiradentes, inaugurado em 2007, a tarifação já é assim, mas ele foi construído em uma via elevada e segregada dos demais veículos, ao contrário dos futuros BRTs.
O corredor da Aricanduva, que terá 14 km, entre a Radial e o Terminal São Mateus, não vai dispor dessa facilidade de pagamento, segundo a São Paulo Obras (SPObras), empresa municipal responsável por tocar os empreendimentos.
Por esse corredor, deverão circular 189 mil passageiros por dia. No da Radial, que ligará o Terminal Parque D. Pedro II, no centro, à Estação Artur Alvim, na zona leste, a expectativa é de 234 mil. Uma projeção de 2011 da São Paulo Transporte (SPTrans) indicava que 120 mil usuários poderiam migrar do Metrô.
Atraso
A construção dos dois corredores expressos custará, no total, R$ 781 milhões. Em janeiro, o Tribunal de Contas do Município (TCM) barrou o processo licitatório das vias exclusivas e de outros corredores, alegando falta do projeto básico e ausência de recursos orçamentários para a execução. Dessa forma, as obras, que deveriam ter começado em março, já estão mais de seis meses atrasadas, o que pode pôr em risco a promessa de Haddad de entregar 150 km de corredores de ônibus até o fim de seu mandato.
Porém, Tatto mantém o prazo e assegura que agora os projetos da Radial Leste e da Aricanduva estão regularizados. “Só faltava a licença ambiental de instalação, que está na Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. A última informação que tenho é de que está caminhando bem. É uma questão de dias (para a licença sair).”
Os recursos vêm, na maior parte, do governo federal, por meio do PAC Mobilidade. Um outro pacote de corredores, como o da Avenida dos Bandeirantes, ainda está travado no TCM.
O consultor de Transportes Flamínio Fichmann critica a forma como o corredor da Radial funcionará. Para ele, a integração com o Metrô e a CPTM deveria ser absoluta, sem cobrança de integração de tarifa. Além disso, as paradas deveriam ser “coladas” às estações metroviárias e de trem, para realmente atrair os usuários de uma para a outra. “O transporte não está concebido de uma maneira a integrar modais. O corredor vai melhorar o sistema de ônibus? Vai. E o de metrô e trem? Não.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.