Fechado em agosto de 2013 por causa de problemas estruturais, o edifício-monumento do Museu Paulista, mais conhecido como Museu do Ipiranga, continua sem cronograma nem orçamento para obras de recuperação. Ainda neste mês, entretanto, deve ser assinado contrato com a empresa que venceu o processo de concorrência para produzir laudo técnico sobre o estado do prédio – no valor de R$ 1,5 milhão, com prazo de dez meses.
Desde agosto de 2013, quando o museu foi fechado, os esforços foram mais emergenciais: escoramento das salas críticas e transferência do pesado acervo que sobrecarregava muito o prédio construído entre 1890 e 1895 – ao custo mensal de R$ 172 mil, o museu locou, no ano passado, sete imóveis na região do Ipiranga para abrigar os cerca de 150 mil itens do acervo.
De lá para cá, um primeiro laudo chegou a ser produzido, destacando, entretanto, as patologias somente da fachada. “Já temos claro que a Universidade de São Paulo (responsável pelo museu) não pode arcar com o custo integral do restauro e da modernização”, afirma a historiadora Solange Ferraz de Lima, diretora da instituição – ela assumiu o cargo em junho. “Precisaremos de apoio e captação de recursos com a iniciativa privada.”
Desde o ano passado, o Grupo Mulheres do Brasil, associação sem fins lucrativos, está empenhado em ajudar a prospectar patrocínios. O trabalho deve acentuar-se a partir de 2017, após o laudo de problemas estruturais.
Enquanto isso, a direção segue mirando na simbólica data de 2022, bicentenário da Independência do Brasil, como limite para reabrir as portas do edifício. Solange frisa, entretanto, que a instituição Museu Paulista “não está fechada”. “Mas é compreensível que nossas atividades se confundam com o espaço que é a nossa sede”, afirma.
Atividades acadêmicas e educativas passaram a ocorrer, desde o ano passado, em uma nova sede, na Avenida Nazaré, no mesmo bairro. Em caso de necessidade e sob agendamento, pesquisadores têm sido recebidos no edifício interditado.
E a rica biblioteca, de 70 mil volumes, também foi reaberta ao público em outro endereço (Rua Brigadeiro Jordão, 149, também no Ipiranga).
Concomitantemente, cada vez mais peças do acervo da instituição vêm sendo emprestadas para mostras em outros museus e espaços culturais.
7 de Setembro
Por causa da Semana da Pátria, desde domingo uma exposição-painel está aberta nos tapumes que cercam o edifício. Quem passar por ali até o dia 11 poderá conferir mais detalhes sobre a história do prédio, a criação do museu e os problemas que levaram ao fechamento do local.
Uma programação especial está prevista para hoje, por causa do feriado. Às 11 horas, um grupo de pintores será recebido no interior do edifício-monumento. Sob coordenação do artista plástico Bruno Moreschi, eles devem observar o famoso quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo (1843-1905), e propor releituras de sua obra. A atividade integra programação do Sesc Ipiranga e os resultados devem fazer parte de programação ao longo deste semestre.
Às 18 horas, em telão montado na esplanada do edifício, será exibido o filme Resgates, documentário independente dirigido por Denise Szabo e produzido por Felipe Ferreira e Elsa Villon. Passando pelos bairros de Ipiranga, Sacomã e Heliópolis, o filme mostra as transformações urbanas de São Paulo nas últimas seis décadas. Após a exibição, haverá bate-papo com a equipe responsável pela produção da obra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.