O diretor para assuntos financeiros e empresarias da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Greg Medcraft, defendeu nesta quinta-feira, 23, que os bancos centrais devem ampliar as condições de financiamento para que empresas superem desafios de liquidez em meio à crise econômica trazida pelo novo coronavírus. Ele ainda defendeu o aumento no volume de programas de relaxamentos quantitativos (QE, na sigla em inglês) por parte das autoridades monetárias.
Em apresentação virtual no YouTube da instituição, Medcraft ressaltou a importância de uma ação coordenada entre governos, bancos centrais e agências reguladoras para que a economia global deixe o que chamou de "círculo vicioso". "É o maior desafio desde a crise de 2008. Não podemos fazer pouco ou fazer muito tarde", defendeu, na transmissão.
Medcraft entende que há diferenças entre as crises de 2008 e a atual. Ele ressalta que a dívida corporativa dobrou desde então e que os empréstimos de risco também aumentaram muito no período, diante do barateamento do crédito. Adicionou que, neste momento de incertezas, os juros cobrados de empréstimos para as empresas subiram substancialmente, enxugando a liquidez.
Pelo lado dos governos, o diretor da OCDE disse que é preciso elevar os investimentos, mas mantendo atenção aos níveis de dúvida pública. "Os governos também devem dar dinheiro para os negócios e famílias", afirmou. Já as agências reguladoras, nesse contexto, disse, teriam o papel de autorizar que bancos aumentem o volume de empréstimos.
Por último, Greg Medcraft destacou que líderes devem pensar em soluções internacionais para a covid-19, de forma a tornar seus efeitos temporários.
Conhecida como "clube dos países ricos", do qual o Brasil busca participar, a OCDE cancelou o Fórum de 2020 em razão da pandemia. "Estamos explorando datas alternativas e formatos virtuais", diz comunicado da entidade.