Estadão

Ocupação de UTIs está fora da zona de alerta no País pela 1ª vez desde julho de 2020

Pela primeira vez desde julho de 2020, as taxas de ocupação de leitos de UTI para covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) aparecem fora da zona de alerta, com registros inferiores a 60%. É o que mostra o boletim Observatório Covid-19 emitido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado na tarde desta sexta-feira, 25. Ou seja, é a primeira vez que o mapa do Brasil aparece totalmente na cor verde, o que significa alerta baixo, desde que o monitoramento começou a ser feito pela entidade.

Os dados são referentes às semanas epidemiológicas 10 e 11 de 2022, que abrangem o período entre 6 e 19 de março. No entanto, embora atribuam os resultados ao avanço da vacinação com 82% da população brasileira com a primeira dose, 74% com a vacinação completa e 34% vacinada com a dose de reforço, os pesquisadores alertam que o momento ainda exige atenção nas ações de vigilância em saúde e cuidados.

"É importante destacar que esta queda se encontra acompanhada de taxas ainda significativas de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e incidência de mortalidade por covid-19", disseram, em nota.

As análises que envolvem dados sobre internações e óbitos destacam grupos extremos da pirâmide etária. Enquanto há idosos que têm a idade como um fator de risco, o que reforça a necessidade de busca ativa daqueles que ainda não tomaram a terceira e agora a quarta dose, existem muitas crianças de 5 a 11 anos que ainda não foram imunizadas.

"É importante a vacinação contra a covid-19 para crianças, assim como as demais vacinas do calendário infantil. A população em geral, também deve realizar o esquema completo de vacinação", afirmam os pesquisadores.

Diante disso, os cientistas reforçam que sob circunstâncias de intensa circulação de pessoas nas ruas, concomitante ao abandono do uso de máscaras, podem ser criadas situações que favoreçam uma maior circulação do vírus.

"Consideramos prudente a manutenção do uso de máscaras para determinados ambientes fechados, com grandes concentrações de pessoas (a exemplo dos transportes coletivos) ou abertos em que haja aglomerações", recomendam os pesquisadores.

É indicado, principalmente, que as pessoas mais vulneráveis, imunossuprimidas, idosos acima de 60 anos (principalmente com doenças crônicas) e gestantes continuem usando o equipamento de proteção facial.

<b>Internações por covid-19</b>

Conforme o boletim divulgado, o perfil demográfico dos pacientes internados atualmente em UTI em tratamento de covid-19 mostram que situações mais críticas envolvem homens (51%), pessoas idosas (62%), e pretos e pardos (49%).

Os sintomas que mais prevaleceram no período foram dispneia (71%), baixa saturação de oxigênio (abaixo de 95%) e desconforto respiratório (60%). Quanto às comorbidades, 70% dos pacientes possuem alguma condição crônica, sendo que as principais cardiopatia (43%), diabetes (39%) e obesidade (9%).

<b>Casos e óbitos por covid-19 </b>

Os dados confirmam a manutenção da tendência de queda de indicadores de incidência e mortalidade por covid-19, porém em menor velocidade.

Segundo o boletim, essa redução pode apontar para um período de estabilidade da transmissão nas próximas semanas, com taxas ainda altas de incidência e mortalidade. Foi registrada uma média de 42 mil casos diários, representando um decréscimo de 32% em relação às duas semanas anteriores (20 de fevereiro a 5 de março).

"Também foi observada a redução do número de óbitos por covid-19 no período, com uma média diária de 570 óbitos, cerca de 35% abaixo dos valores das duas semanas anteriores. No entanto, é importante destacar que, na semana de 6 a 12 de março, houve um pequeno aumento no número de casos, o que pode ser resultado de festas e viagens no período de carnaval, da flexibilização do uso de máscaras e da realização de eventos de massa que têm ocorrido em algumas cidades", destacou a nota. Na semana seguinte, esses valores tornaram a cair.

A maior parte dos Estados brasileiros apresentou estabilidade dos indicadores de transmissão, com exceção de Rondônia e Acre, que tiveram redução significativa do número de casos e de óbitos, e do Amapá, Maranhão, Piauí, Paraíba, Bahia e Mato Grosso do Sul, que apresentaram uma diminuição no número de óbitos, mas manutenção do número de casos.

Além disso, as maiores taxas de incidência da covid-19 no período foram observadas em Rondônia, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Goiás. Já as maiores taxas de mortalidade foram registradas no Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Goiás.

<b>Síndrome Respiratória Aguda Grave</b>

Nas Semanas Epidemiológicas 10 e 11, as SRAG seguiram em declínio no País. Entretanto, observa-se que a redução foi menos intensa quando comparada às semanas anteriores. Atualmente, a taxa de incidência de SRAG é de 2,3 casos por 100 mil habitantes.

<b>Mudança de pandemia para endemia</b>

Os pesquisadores alertam que a mudança na classificação deve envolver um conjunto de indicadores, sendo um deles o de letalidade. Neste sentido, a Organização Mundial da Saúde (OMS) é destacada como a principal referência para esta definição.

"Quando a ocorrência de formas graves que requerem internação for suficientemente pequena para gerar poucos óbitos, e não criar pressão sobre o sistema de saúde, será possível saber que se trata de uma doença para a qual se poderá assumir ações de médio e longo prazo sem precisar contar com estratégias de resposta imediata", avaliam os pesquisadores.

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